segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

O suor que se estende até o olhar queimado de desespero. Trêmula percebe que é apenas um sonho. Não se pode jogar assim palavras ao vento, como quem sonha em amar um re_bento.

Abraço atrasado onde nada se perde, ressaca.

Quem dera aconteça logo, digo logo mesmo, este abraço.

Onde tudo é amor.

Onde tudo é liberdade.

Que sonho bom e terrível. Sonhar com um amor que lambe seu suor, sonhar com um amor vivo carinho sem frescura.Que terrível esse sonho.

je suis seulement une femme que veus une homme. L'homme. Qui terrible rêvê.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

primeira

Transformar algo feio, considerado feio naquele sentido de asco, nojo, doença.(qualquer algo) em uma arte - seja pintura, escultura ou cinema - é uma tentativa de embelezar o mundo. Quando na verdade não passa de máscara e maquilagem, pois é da cultura burguesa esconder para debaixo do tapete as mazelas capitalistas. Acaba virando moda e dando dinheiro ao artista.
Pode parecer inocente e ingenuo, mas os punks acordaram para a alienação consumista. os anarquistas nao estão mortos e ainda há muito por lutar. Se estamos vivendo numa sociedade à la Admiravel Mundo Novo - nao chegamos a esse ponto ainda -... mas estamos chegando nesse ponto. E viva Adorno!!!! hewhehehehe

Uma viagem que eu tive e nao sei se é bem viagem... Segundo historiadores foram os chineses a descobrir o Novo Mundo e nao os portugueses entao por que nao falamos mandarim? Por que eles pensaram que era besteira conquistar terras "improdutivas" e distantes...
E a Igreja Católica tem seu maior rebanho no Brasil e na África.
"E a Nasa vai abrir uma base permanente na Lua, já pensando em Marte" Jornal Nacional.
hehehehehehehe.

Continuemos comprando... comprando... eu por mim compraria virgens tailandesas... que trabalham 12 horas por dia. (só pra mim).
ps: o punk não morreu.
Eu e meu irmao limpando o quintal numa tentativa quase frustrante de não sermos pequeno-burgueses. Tirando mato, trabalhando com a terra, sujando as mãos de terra.
- Eu não sou burgues raísa.
- Claro que é. olha onde estuda, a casa que mora, a sua altura e beleza... (nada a ver, mas era pra assustar ele com a propria beleza, ele é lindo. convenhamos..)
- EU NAO SOU BURGUES!.
-AFF claro que é.
e assim a tarde toda limpando o quintal e discutindo coisas da natureza... óbvio que mamae nao gostou... "já ia pagar um peão pra fazer o serviço";;; foda-se.
Ivo chegou... ai meu deus... que vida bandida.
cerveja de um real. ;)

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

- mãe vem me buscar.
- aproveita, paga a conta... xD

terça-feira, 14 de novembro de 2006



hehehehe

agradeçam a Suzy. grande companheira. ;)

naquelas antigas juvenis

eu costumava andar nas manifestaçoes, coisa juvenil-que-quer-mostrar-consciencia politica...
ia sozinha e sempre encontrava uns punks, anarquistas e comunistas legais. desde sempre sozinha. um dia desses me despersei do grupo e conheci um rapaz chamado Mario...
Mario tinha perdido a mae com 11 ou 13 anos - a historia tm uns anos, talvez eu tenha me esquecido de detalhes meio importantes, tipo a mae ou o pai que morreu, de onde ele viera mesmo, coisas que nao lembro... claro que com o decorrer lembrarei da parte que mais importa... - ele tinha um jeito galante de falar de sartre, uma posiçao meio estranha de olhar nos meus olhos, uma vontade de ser o que eu sempre quis ser: filosofa. nao sei o que ele fazia da vida.
Sei que ele morava na residencia universitaria, mas não nos apressemos... fomos pra a praça dos leoes, lá conversamos mais, concluimos que o movimento estudantil daqui é uma merda mesmo e que se foda o pessoal acampar na praça do ferreira pra fazer farra e bebedeira... o fato é que ele tinha uma visao anti-social e atual do que é sociedade de consumo, liberdade e sexo... nao me apaixonei por ele, nem passou pelo fato dele me beijar, mas ele me beijou. um beijo metodico e longo. um beijo carregado de citações... um beijo sartriano com o velho barbudo no meu cangote. tanto é que logo apos rimos e nos agarramos fortemente, tanto é que começamos ouvir comentarios de pessoas ao longe, de jovens perdidos fazendo sem-vergonhice na praça,... me lembro que saí rindo e tinha uma gravida fumando olhando pra nós, ela parecia feliz porem com inveja...
fomos entao pra a tao famosa praça do passeio publico
me senti na decada de sessenta. militares treinando de um lado, putas trabalhando em plena tarde, homens pseudo-esportistas tarados fazendo copper na praça e nós ficamos de frente para o mar, o mar como testemunho da minha loucura juvenil... como ri, ao ver aquela cena ludica de viver sob uma imagem gigante de beleza com um menino estranho - adoro homens estranhos- e toda aquela paisagem carregada de pesares humanos, seja na puta que se vende por sexo, seja no militar que vende o corpo e a alma pra um estado que nem existe pra todos, prefiro ser puta a ser militar, ao menos puta goza, militar sangra, militar um dia teve a grande oportunidade de torturar, ao menos isso... mas hoje em dia o que se há de fazer?~
senti um prazer, onirico, capaz de mostrar aos comuns e estagnados o que é beijar numa zona, o que é discutir milan kundera entre sussurros... brigar com cara feia quando ele nao concorda, e gargalhar bem alto quando ele sorri timido que nunca tinha feito aquilo. eu tb baby.
decidimos transar
afinal nao eh todo dia que se encontra um amante que curte filosofia assim tao solitario sem influencia de terceiros, nem de modismos, a solidao o ensinou a encarar a vida e ele só encarou atraves dos livros... lembro-me que andando de onibus ele me abraçava com um carinho de quem nunca teve aquilo, um carinho virgem, solitario, contou-me a historia de sua vida triste, perdera a mae, morara na casa de terceiros até que passara em algum vestibular - creio que foi entre filosofia, historia ou ciencias sociais... -
chegando no ape, ironicamente ele diz ao porteiro que eu sou uma prima, entramos no quarto, um lugar simples, com comodas corroidas pelo tempo, ele coloca The Doors, toma um banho timidamente, sem querer mostrar o corpo, enquanto isso olho os livros do nietzsche, entre outros, alguns com tendencia marxista. E quando ele sai do banheiro fecho os olhos com uma vergonha de quem aguardou o tempo pra sentir o corpo dele, fomos delicados nesse sentido,
eu me deitei na cama, ele tirou minha roupa tocando o meu corpo docemente como uma pluma, deitou em cima de mim e ficou empinando em mim um bom tempo, como quem quer reconhecer o territorio, chegou no meu pescoço me mordendo mais forte, tao forte que ardia em mim e na minha buceta, gemia e light my fire o corpo todo. la woman la woman, quanto mais eu gemia mais ele se sentia corajoso pra desbravar o que eu tinha pra ele, you are lost little girl enfiava e tirava pra me chupar, que homem! umvirgem? nao saberei... enfiava e dizia: vc geme alto, mas como é belo, entre sussurros... como é belo... ele beliscava o meu mamilo com uma sutileza como quem quer pegar numa joia... como quem quer viver!
eramos virgens vindos de uma zona sem nenhuma experiencia sexual! mas eu gemia... gemia de prazer carregado construido exagerado, porque ele enfiava como quem está descobrindo o novo, o que nenhuma tese filosofica discute, o prazer da dor, o prazer de enfiar, de receber, o fato é que ele tinha um certo carinho em me masturbar, o carinho de quem se conhece atraves do olhar...
gemia alto, gemia olhando pela janela as estrelas do benfica. gemia olhando o rosto de um menino perdido entre livros, gemia olhando pra mim, sem querer saber da origem dele.. querendo saber qual sabor era a camisinha,
tinha um cheiro estranho a camisinha... um cheiro de fruta. provavelmente.
terminamos e ainda respirei um pouco. devo ter fumado um cigarro com ele.
trocamos telefone e sai feliz e saltitante no onibus

mas no onibus mesmo decidi nao ligar pra ele, naquela epoca eu nem me importava comigo quanto mais com os meus amantes...
depois de um tempo vi ele no biruta, fugi dele, como ainda fujo, nao sei, ele tava andando com pessoas totalmente diferente dele, do que eu fiz dele, imagino que ele desistiu e resolveu se tornar um mero mortal, ou nao. senti falta dele agora anos depois. nao sei... nao sei mesmo dos meus sentimentos levianos...
aos amantes de hoje em dia... nao se preocupem eu mudei e continuo mudando...
só nao quis perder o mario de memoria porisso escrevi sobre ele.
sao todos intensos os beijos que dou, sao todos apaixonantes.
o q leva eu querer mais?
sou safada sou perigosa sou macumbeira.
e ainda assim te espero menino mau (que nao é mario, é minha paixao mais recente, que talvez daqui ha uns dois anos eu escreva sobre ele.. hahahaha)
;)

segunda-feira, 30 de outubro de 2006


Quem dera o mundo fosse um sonho.


domingo, 29 de outubro de 2006

mamãe e papai(dialogos modernos entre eu e minha mãe)

- mãe vamu prum tango sexta?
- onde é?
- hildefonso albano.
- sei não... o seu leite quer ir pro cover do raul seixas.
- há mãe vamu pro tango!

sábado, 28 de outubro de 2006

para você... e para todos.

É natural que sinta-se solitária minha pequena personagem. Nao sabes que eu sou a suprema narradora de sua história.
O seu destino está selado.
- Ame-a ou deixe-a!

A cigana entra no restaurante, sua saia dança por entre copos e desejos. Alguns curiosos perguntam quanto custa uma consulta. É uma cigana de 28 anos, fugida da guerra e da vida. Num lugar onde todas as possibilidades sao verdadeiras, sao intensas. Seu cabelo é longo, desgrenhado, um pouco gorda, olhos sérios. É bela. Mas nao é convencional. Plástica.
Vende flores aos burgueses, sua fome é esquecida, até que um casal a olha curioso.

- voce lê mao?
- sim.
Ela lê e percebe que o homem poderia ter sido o grande amor da sua vida, mas nao poderia falar a verdade, imagina a confusao.
O amor que ela viu na mao dele a desesperou, a confundiu.
- Um amor na sua vida há de aparecer. Fique atento às possibilidades, incriveis sao as chances que perdemos... Ainda vai demorar um pouco. Tempo para viajar, sair... Porque esse amor que lhe vem poderá ser desastroso ou eterno...

O casal ficou surpreendido. Ela o fitava e ele percebia essa troca de olhares. Foda-se. ela o desejava e pronto. e foi coisa de um instante, começou ali, nós somos testemunhas. A mulher ficou confusa mais do que todos, no fundo desejava que o homem pagasse logo a cigana e que ela fosse embora com seus mau agouros...
Mas ela nao foi.

Outro dia a cigana anda na rua, sonhando com o sonho que tivera na noite anterior, sua mãe e o astor piazolla dançando na geladeira... Ri sozinha. Como que num furacão encontra o homem que lera a mão.

quem é voce? de tão maldita que não tem pena de travar derrotas e desgraças na vida de quem te ama?
a cigana queria dizer tudo tudo, mas nao disse. Preferiu o silêncio. As palavras confundiam, como confundem agora sua propria narradora.
e esse amor há de aparecer.

domingo, 22 de outubro de 2006

"Geralmente finjo que ele nao existe. Que ele é um desconhecido, beijo os mais vadios da cidade para que ele nao exista dentro de mim. Ao passo que me sinto feliz em nao ve-lo, em nao senti-lo."

Ouço um fado da Amália Rodrigues... Lembro-me de uma minisérie da Globo, inspirado num livro do Eça de Queiroz, nao fez muito sucesso, mas o que me lembro é uma mulher entrando num camarote de uma espécie de arena pra touradas.... Linda, desliza no homem que aguarda. Tudo em silêncio, dito através de olhares. No olhar... por isso que nao costumo olhar nos olhos.... é intrigante tentar saber o que a pessoa quer. Através do olhar.
Ela tinha uma certa fraqueza por homens... (risos).
Na verdade eu ia falar sobre a arte dos motéis.
Pense bem. Para quem tem a liberdade de trazer seus praticantes de sexo pra casa - pelo menos no meu caso :) - nao vê muita necessidade de ir para um motel... (tirando o fetiche de ver espelhos e consolos...). Mas pelo o que se vê motéis nao sao tao ruins... Tem toda a aura de sair com o cabelo molhado.
Porra... que merda de dor de cabeça.
- Vou comer.
- Mas chuchuzinho, voce nao quer mingau... talvez seja nutritivo, ambrosia... quem sabe? Voce nao quer um livro para voce cagar e ficar lendo, talvez o ser e o nada? Voce nao quer uma mulher nua na cama? Voce nao quer se despedir de todos numa festa qualquer mal - diiiiiii - ta mente diabolica? Voce nao me quer?

...
Continuando. Motéis sao tao classicos. Como bordéis. Como almoço dia de domingo com a família.
- A gata nao faz mestrado. A gata nao grita quando deixo a chave na porta. A gata nao chora bêbada.
"cidade perdida. joga as cascas pra lá. só eu e vc. cidade proibida. facil vem facil vai. só eu e vc."
"cidade perdida. só eu e vc.
pois é. tenho mais quartos que pensao de puta.
por falar nisso... como é bom ter a sensaçao vadia de ser uma.
- ah fala serio? vas tao escandalizados? nao diga... imagina se visse o conteudo na integra...

se eu tivesse vc, pagaria 20 reais pelo miche.
hahahahahahaha.
me passando no meu proprio escrever.
por que q toda mulher ao menos uma vez na sua vida do alto de todo o feminismo tem q se sentir submissa, mulher das cavernas arrastada pra dentro da caverna(motel 90). Rapaz...
Nao provoquemos quem ta queto. o Dragao chamado é insubstituivel. Dragao paia esse.
Motéis tem aquela energia impregnada de sexo, como quando vc entra numa calourada e encontra a sensaçao de estar livre. Como quando entro na casa da Bianca e me sinto protegida.
- Nao consegui ser dominadora ontem. Voce nao quer me ajudar, raisa? Voce é que é dominadora.
- logo hoje que me sinto uma francesinha ovuda.

não nos enrolemos, enrolemo-nos em lençois de amargura e gozo.
dormir sem sonhar.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

invisivel

Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor, vem me buscar
O meu destino é caminhar assim
Desesperada e nua
Sabendo que no fim da noite serei tua
Deixa eu te proteger do mal, dos medos e da chuva
Acumulando de prazeres teu leito de viúva
Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor vem me buscar
Vamos ceder enfim à tentação
Das nossas bocas cruas
E mergulhar no poço escuro de nós duas
Vamos viver agonizando uma paixão vadia
Maravilhosa e transbordante, feito uma hemorragia
Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor vem me buscar
Bárbara

me passei ouvindo essa musica, ainda bem que a Suzy tava lá...
motivos demais pra chorar...
é a saudade, é as coisas que nao acontecem, é as pessoas que nao aparecem, é a vida que nao me acorda, é a ansiedade de mudanças mudanças ... cadê voce, Barbara? sao os romances que nao vivo, sao romances que eu vejo e nao estao comigo, sao e nao estao. aqui.

Je voudrait ecrire seulement qu'est perfait. Je voudrait embrasse un homme. l'homme ne m'aime pas.
l'homme m'appelle de "retarde".
les fois à douleur si confude avec le plaisir et ce qui dans les reste est la vivent.
je ne comprom pas.
je... je... l'aime. où non.

domingo, 8 de outubro de 2006

08/17/2222

Ouvindo o velho led zeppelin, numa musica feliz, só agora me disponho a escrever sobre quando a Leonor me enviou a cozinha, ela atarefada dando instruçao... lá vou eu... fazer ovo pochè... Na verdade tinha eu entendido ovo cochè, nao importa. Eu imaginei que era pra fazer ovos cozidos e lá vai eu...
Como num esporte radical imaginei: tenho que fazer 3 ovos cozidos pra a minha patroa... uia! Foi uma guerra eu contra o fogao, eu contra os ovos, eu contra o mundo! Os tres primeiros ovos ficaram moles, cairam, os gatos miando, pedindo comida, e eu puta que pariu!!!! fudeu tudo... peguei mais tres ovos... acendi um cigarro da leonor e fiquei esperando... de repente dá certo... afinal nao é tao dificil assim cozer 3 ovos... me queimei todinha pra tirar a casca, mas feliz que eu ia colocar os ovos cozidos no molho...
colocados
chega ela depois de duas horas...
me dizendo que o ovo pochè nao era cozido...
quebrava-se o ovo no molho... uma onda tão estranha quanto o homem na lua...
dejà vu.
mas foi, de certa forma, gratificante o olhar que ela me passou, de agradecimento pelo esforço ou pela tentativa de ser algo que eu nao sou... uma cozinheira...
com os dedos queimados... ainda há algo no teclado... de sentimento.
sinto-me feliz e incompleta. o que há que há?
sinto-me uma escritora fracassada em fim de carreira.
risos.
cigarros.
taíba. urgentemente... senao tenho colapsoss....

domingo, 1 de outubro de 2006

O cafetão poderá ser vários... meu caro.
Cafetão corno, ou canalha, safado é ser de mais intensa interpretação.

A cafetina poderá ciumenta,
ela faz arte.
Arteira.
Só nao pergunte qual é o ou a cafetao ou cafetina do meu coração.

Tem sempre aquele cafetão que desiste do próprio bordel e se vai.

sábado, 30 de setembro de 2006

Há mais quartos no coraçao do que pensão de puta.

Roubado de um Blog.

├┼↑▄¯­±o

- Não me deixa sozinha hoje!
- Eu tô sem a Bianca...

Desvairio de uma noite noise.

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Somos Vadias

Com ela passavamos horas e horas, nos dias de quarta, quando roubávamos cervejas no Pao-de-Açucar e bebíamos na calçada, fumando derby e conversando sobre sexo. Afinal tinha acabado de perder a virgindade e era natural que eu quisesse conhecer tudo sobre a tal arte milenar... Ela me contava como tinha sido a noite passada com o namorado dela, ele é hari krisna sabia tudo de sexo tantrico... Era tão bom!!!!
E eu tava naqueles dias apaixonadíssima por um estudante de filosofia da UECE, com ele iniciou-se o sexo mesmo, e nao aquele papai e mamae em COMA que dizem que é sexo... A tarde inteira. E ela sabia que eu era a única - apesar de mais nova - eu era a única que nao tinha vergonha ou medo ou aquele sentimento que fazem as meninas nao quererem falar ou fazer sexo(eu nao sei que sentimento é esse).
A gargalhada dela.
O jeito dela falar.
A inconsequência.
Até que ela começou a namorar e eu conheci a casa Amarela, outras pessoas e nos distaciamos. Ela engravidou... Tao pequenino a criatura que eu comecei a tomar pílula(rs).
Quero ver ela.
Saudade de todos que gostam de viver;

Somos Damas.

Continuando...

"Serenamente, cruzo as maos e espero,
Pouco Importa o vento, a maré ou o mar,
Nao me insurjo contra o tempo,
porque o que é meu às minhas mãos virá"
John Burroughs - Espera.



Quando voltei em si estava sozinha. Tinha amiguinhas do colégio, mas elas só pensavam em forró e beijar pela primeira vez, em besteira patricinóides... Enquanto eu estava lendo On The Road - Jack Kerouac, Insustentavel Leveza do Ser - Milan Kundera e O lobo da Estepe - Herman Hesse elas liam Capricho e assistiam Malhaçao. Bléhhhhhh.

Foi aí que o acaso me encontrou. Conheci uma menina que seria a grande Dama da minha vida. A que me apresentaria boa parte do mundo o qual eu vivo atualmente. Foi com ela que fui pra minha primeira calourada. Foi com ela que eu conheci Led Zeppelin e paixões afins...

Conheci ela na primeira vez que eu fui ao Dragao do Mar, tinha eu 14 anos... ainda. Ela morava perto.
Estou eu no 1 ano. Minha diversao era quando a aula terminava e eu ia pra casa dela fumar um e ouvir rock'n'roll. Jogar video game e dançar. Ela tinha uma tatuagem e morava com a irma, tinha um irmao mais louco que ela.
Foi uma época boa quando íamos pra Monkey ficar bebendo vinho.
(risos)
Quando nós duas resolvemos entrar pra igreja dos últimos dias de Jesus Cristo(os mórmoooooooons,,,)...
O fafi já existia.
Quando ela me disse que ficou com Fulano e Fulano beijava mal e ele já tinha ido atrás de outra amiga dela. Acabei me apaixonando por Fulano... Mas isso é uma outra história...........

Foi com ela que eu senti pela primeira vez o espírito libertino de ouvir um verdadeiro rock (clichê), de beber até cair (clichê mais ainda), o sentimento que eu sentia quando eu estava numa calourada com ela era da mais pura diversão... como quando ficamos no pula pula do habib's da treze de maio. Como quando pegamos carona pela milesima até a porra da Praia de Iracema e ficamos no canto das tribos(é o novoooo).
No biruta e na casa dela mesmo.
Ela ia fazer filosofia... Até que engravidou.
Isto foi só a primeira parte.

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Alice e Aline

De repente resolvo escrever aleatoriamente, como quem busca uma resposta de tantas perguntas frequentes, tudo baseado na paixao pela vida, talvez até pela decadência. Já diziam: a memória é uma ilha de edição... E as minhas memórias retornam com frequencia... Como boas memórias.... nao consigo ser melodramática e blá blá blá. E pintar as unhas de vermelho pra muitas é um sinal de rebeldia feminina... rebeldia feminina é ser como foram as minhas amigas. A seguir contarei histórias de amigas que me fizeram e ainda fazem parte de mim.

São historias de verdadeira rebeldia, verdadeira quebra de regras e hipocrisia também.


Tinha eu 14 anos. Acabado de ler o Mundo de Sophia. Minha mae nao deixava eu sair. Entao eu ia para casa de praia. Não me lembro direito, mas o acaso me levou a conhecer duas meninas: que aqui chamarei de Alice e Aline. Alice era evangelica e grande. Independente de qualquer homem da cidade. Super vaidosa. Maquiava-se durante horas. Já Aline era o tipo intelectual, muito bonita e nunca foi de seguir os dogmas da cidade.

Dogmas estes apenas na aparência.
Dogmas da Cidade:
1- mulher nenhuma sai sozinha com homem algum.
2- mulher nenhuma bebe cerveja e nem fuma porra nenhuma.
3- mulher nenhuma volta de manha se nao for acompanhada dos pais ou do irmao.
4- mulher casada é mulher em casa.
5- mulher nenhuma fica ou beija com mais de dois homens na cidade.

E assim por diante. É óbvio que todos fingiam aceitar isso. Só que as unicas que tinham liberdade para quebrar esses dogmas eram nós. Tipo sempre íamos para Fortim, Canoa, voltavamos de manha e nao sei com quantos eu fiquei. Até que chegou a um ponto.

Era para ser mais uma festa.
O meu aspirante a namorado já tinha entrado na festa. Estavamos na fila a espera da compra do ingresso, entramos na festa, compramos uma cerveja e chega o tal do meu aspirante a namorado. Confuso, a face meio conservada a sentir raiva, perguntei o que tinha acontecido:
- Me disseram que voce e Alice estavam se agarrando na fila.
...
E daí? E mesmo que acontecesse e nao aconteceu. Tudo bem. Eu era virgem e louca pra trepar logo e saber como era. Foda-se. Eu estava realmente muito bêbada, aliás todas as tres, chamei o tal do aspirante a namorado e fomos a praia. Nao rolou, eu estava bebada, nao me lembro. Mas acho que o cara caiu em si e nao transou comigo. Ele era legal. Pena ser tao medroso e nao ter saido daquela cidade. Ele teria um futuro otimo em qualquer lugar, menos naquela cidade.
Quando cheguei na festa já era de manha, as meninas já tinham ido embora, ou seja chegar em casa sozinha, carão na certa. E foi. Acho que foi os carões que eu levei em minha vida de pré-adolescencia que me fizeram querer mais e sempre mais. Naquele momento pensei que aquilo nao passaria nunca, mas passou, tanto passou que quando fui a casa de Aline chegou o momento de fofocarmos. As pessoas nao paravam de comentar que Alice dava para todo mundo, que os homens só faziam "pegar a senha". Imagine eu com 14 anos escutando aquilo e quantas vezes escutaria comentários do tipo... Maldita cultura onde a mulher "díficil" é a mulher de casar;
A família de Alice começou a proibir ela de andar comigo e minha família nao queria nem saber das duas. Andava mesmo assim. Foi entao que a família de Alice resolveu deportá-la pra Camocim. Aline noivou. E que noivo. Fico feliz por ela, o noivo nao era de lá. Era do Rio de Janeiro. O caso é que ela seguiu os costumes dela, casar, ter filhos e ser feliz. A última notícia de Alice é que ela tinha engravidado em Camocim, creio que nem sabia quem era o pai ou se sabia nao se disse quem era.
Foi com elas que comecei a pensar no que seria a minha vida. Como iria vive-la. Foi a época que mais me senti livre para fazer o que eu quisesse e quando me vi presa - nao pela minha mae e seus carões - mas sim pela sociedade com suas regras de convivencia eu realmente chorei e pensei que iria acabar minha vida sozinha. Minhas amigas longe, uma em Camocim e outra casada.

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

devaneio de uma praia deserta.

Morrer significa expiar uma culpa.
Segundo Anaximandro, o mundo inteiro é um grande campo de batalha pelo SER.
O infinito: vitalidade criativa que gera continuamente o novo de si mesma.
“A origem das coisas é ilimitado. Todas as coisas desaparecem onde tiveram a sua origem, conforme a necessidade; pois pagam uma às outras castigo e expiação por sua injustiça, conforme a ordem do tempo”
/



O que ocorre é uma invasão de palavras. C-O-N-F-U-S-A-O!
O que define você ser assim, assado, você escolher mal passado? Que coisa ocorreu na evolução para que agora eu escreva na vã esperança de saber perguntas sem respostas? É incoerente, errado?
Bufa o homem que não pode bufar. Bufará o homem que não pode bufa. Bufar o homem que não bufaria.
Sentido? Eu senti. J’ai rechercher une vie jeune. Acontece que talvez essa agenda burguesa mereça ser jogada fora. Ou não. Talvez alguns idiotas resolvam ler e achar que isso aqui seja a nova bíblia. Ou não. E somos meio assim, ouvindo Mano Chao, lendo mano Anacleto e sendo mana Raisa.
Sendo assim meio prosa, meio poesia, inteiramente eternamente um conto. Ou um filme mal-feito. Mas cheio de cor.
Tendo a ser assim, ego... – todos os tipos de letras referentes ao eu mesmo – o fato é que desfaço os sonhos. Faço o imaginário anti-social popular.
Farejo gelo em fogo.
“que passa? Que passou?”
- está confuso. Entenda.

sábado, 29 de julho de 2006

maldita geni

Em mais uma noite na Praia de Iracema, em mais uma noite de bebedeira costumeira de euforia. Dentro desta noite está sozinha, está triste, está confrontando sua própria liberdade com o moralismo que advem de fora. Se tem uma coisa que o ser humano se preocupa é com a imagem alheia, a imagem que nós carregamos pela sociedade. Já decidi, vou posar de santa, maquiavelicamente serei contra o aborto, transar? O que é isso... E que morra os beatniks!!!!
Tentarei, juro como tentarei não chamar atenção com as minhas gargalhadas de alegria e com os meus protestos gritantes aos amigos.
Tratarei a vida com mais seriedade, materializar os meus sonhos...
EU NÃO CONSIGO. Podem dizer que eu sou uma vadia, sem vergonha, louca, absurda, loser, em português fracassado, mas eu não consigo não fazer o que eu não quero não consigo acreditar nesse levianismo – que pra mim é mais uma forma de moralismo – eu acredito na liberdade de viver, de se apaixonar por quem quiser e por quanto tempo quiser.
Eu não tenho freios, eu tenho amigos e acredito que se pode amar de corpo e alma e uns goles a mais de vinho.
Tive até uma inocência de acreditar que o mundo poderia ser tão livre quanto o meu ser ao ponto de sentir o fogo de viver desde pequeno. Mas não é assim. As pessoas são cruéis, interesseiras, malvadas, desleais e não são amigos.
E por fim eu me apaixonei, pela segunda vez esse ano eu cometi o mesmo erro, inventei de dormir com ele, o seu abraço, o seu carinho, as suas palavras de homem feito. Antes, num show de rock qualquer, ele colocava a mão nas minhas costas indicando para onde íamos. Como sou tola! Como pude acreditar em palavras tão belas e sutilezas. Dormir com ele foi ao mesmo tempo um nascimento e um suicídio.
Por fim o tédio me atingiu. Quem sabe eu seja mesmo uma vadia e ainda não tenha me tocado. Ou quem sabe eu seja uma heroína, uma messias da libertinagem. Ou uma poetisa fracassada, a qual ninguem quer.

Mora na filosofia
pra quê rimar amor e dor.
Se seu corpo ficasse marcado por lábios ou maos carinhosas,
eu saberia, ...
nao vou me preocupar em ver, seu caso nao é de ver pra crer...
tá na cara!

quarta-feira, 26 de julho de 2006

Comentário sobre Henry e June


Este comentário é para os que ainda sonham em ser vadios, ou os que são e pedem sempre socorro aos pais, ou aos amigos, não importa. Vadio, por vadio, sem se importar com a morte, política, o carro novo que saiu televisão e etc. Palavras feias que pelo seu significado já dá certa ânsia de ver que tantas pessoas esquecem de viver e se preocupam com o dinheiro e o dinheiro é que move essa ânsia, a televisão e o carro novos a bebida o cigarro e muito mais. Contudo defendo o vadio como Henry Miller, aquele que no filme Henry e June diz: “Quem consegue entender, quem consegue ler, escrever está livre.”
O que ocorre é a tal angústia em enfrentar toda a grandeza do Henry devido ao seu estilo vagabundo e libertador. Mas me dá um medo, até porque ele é um filho da puta em todos os momentos e mesmo assim ainda me vejo completamente nele, na sua intensidade de dizer: “eu te amo” para uma puta. Porque eu também faço isso...
O caso é que pensar em sexo às vezes me parece como pensar em roubar, uma hora você é pego e suas descrições são ditas pelo microfone e você finge que vai comprar cigarro, mas na verdade você foge, em busca de uma nova aventura, um novo roubo. E mesmo assim sente-se perseguido, como que a qualquer momento você encontrará aqueles olhos, aquela pessoa a qual você roubou o que há mais importante na vida dela. O contato íntimo, o amor, a buceta, ou apenas um livro de R$ 14,90.
E é no Henry Miller que eu vejo um ladrão de eximia capacidade, tanto na fuga quanto na hora de roubar e mesmo assim o canalha custa em se espelhar em mim, semelhanças indiscretas e que sou forçada a colocar aqui como uma confissão a um padre. Castigo? Com certeza todos os vadios e ladrões têm.
E a Annais Nin consegue romantizar toda essa vida de aventuras, ela poetiza como uma doce francesa com aquele sotaque infantil e curiosamente infantil em busca de novas aventuras, com ela não parece um roubo, parece que tudo aquilo era seu desde o sempre, naturalmente seu e que amanha não é mais. Com ela mais parece um romance água com açúcar, entretanto uma água com açúcar para os acostumados ao velho safado que é o Bukowski.
Para tanto aos tímidos, ou moralistas, ou os que preferem praticar a ler literatura erótica.
Annais Nin é uma ótima introdução a este mundo tão escandalizado.
E o que é promiscuidade? Amor próprio? Transar por transar? E isso existe?
Todas as transas são transas com historietas, nem sempre boas, mas com personagens, com vida! E diminuir uma pessoa porque ela gosta de transar é diminuir um dos principais atos dos animais. Até as plantas trepam. Se gozam eu não sei.
Se o sexo está divulgado, escandalizado, vulgarizado é porque ainda não estamos num mundo tão livre assim...
É hora de fugir, antes que a fogueira nos atinja.


quarta-feira, 19 de julho de 2006

Como ir para o inferno sem ficar preocupado.

Manual de Sexo da UNIVERSAL.
Posição de quatro - É uma das posições mais humilhantes para a mulher, pois
ela fica prostrada como um animal enquanto seu parceiro ajoelhado a penetra.
Animais são seres que não possuem espírito, então o homem que faz o
cachorrinho com sua parceira, fica com sua alma amaldiçoada e fétida.
Sexo Oral - O prazer de levar um órgão sexual a boca é condenado pelas leis
divinas. A boca foi feita para falar e ingerir alimentos e a língua para
apreciar os sabores. A mulher engolindo o sêmen não vai ter filhos. E o
homem somente sentirá dores musculares na língua ao sugar a vagina de sua
parceira.
Sexo Anal (Sodomia) - O ânus é sujo, fétido e possui em suas paredes milhões
de bactérias. É o esgoto propriamente dito. No esgoto só existe ratos,
baratas e mendigos. A pessoa que sodomisa ou é sodomisada ela se iguala a um
rato pestilento. Seu espírito permanece imundo e amaldiçoado. Mas o pior é
quando o ato é homossexual, pois o passaporte dessa infeliz criatura já está
carimbado nos confins do inferno.
Posição Recomendada - O homem e a mulher devem lavar suas partes com 1 litro de água corrente misturado com uma colher de vinagre e outra de sal grosso.Após isso, a mulher deve abrir as pernas e esperar o membro enrijecido do seu parceiro para iniciar a penetração. O homem após penetrar a mulher, não
deve encostar seu peito nos seios dela, deve manter uma distância pois a
fêmea deve estar fêmea deve estar rezando aos santos para que seu óvulo esteja sadio ao encontrar o espermatozóide. Depois do ato sexual, os dois devem rezar, pedindo perdão pelo prazer proibido do orgasmo. Como penitência, o açoite com vara de bambu é aceite como forma de purificação.

quarta-feira, 12 de julho de 2006

Cronicas de Esbornia. Parte V

Duas sextas feiras, normais até, uma deixada em branco no diário e outra escrita até a última linha, uma treze de fevereiro outra 13 de agosto. Em uma sexta vivo o esplendor de minha solidão, em outra comemoro companhia de bons amigos e bons amantes... Em uma sexta me deito na cama e penso: ‘como seria bom se alguém me acompanhasse hoje numa busca por um prazer inesquecível, que estivéssemos sentados na sala, eu, ele e amigos comemorando o fato de existirmos’.Em outra eu realmente vivo isso.
Treze de fevereiro:
Acordo e vou para o colégio. Estou ansiosa, aliás, muito ansiosa. E a minha ansiedade não esta no colégio, com quem não posso compartilhar esses sentimentos que são tão íntimos e egoístas. Professores novos, aulas novas e o velho sentimento de já estar de saco cheio de tudo isso, uma morgância muito depressiva. Mas hoje estou feliz, ansiosa, porque falta poucos dias para o carnaval chegar... E o desejo de ver um garoto que vai também, de passar quatro dias dormindo na mesma casa que ele. E é com pensamentos sobre o menino e o carnaval, o que me espera, foi o que me ocupou nessa sexta. É porque depois da escola eu dormi, sonhando coisas que nada tinham a ver com o esperado, esperava sonhar algo que predisse o que vai acontecer nesse carnaval, enfim é o acontecimento que mais me deixou animada nesses últimos meses, à noite minha mãe sai para mais uma festa e eu fico só, só com os meus pensamentos, deitada na cama, imaginando como seria minha noite.
Alguém bate no portão, eu me assusto e vejo que é uma garota, ela fala: - acorda raísa, o mundo está aí para você viver, enorme, perigoso e aberto para você. Vamos curtir um pouco desse tempo que é tão curto, vamos ouvir música!!! -, e eu a deixo entrar em casa com um monte de gente, eles fazem silêncio, mas me deixou muito feliz com tal surpresa e com a conversa sobre tudo, filosofia, questões como o amor, a vida e os nossos problemas que são tão pequeninos. Passamos a noite bebendo, alguns ocupavam os quartos e depois voltavam mais satisfeitos e quando já se passava das quatro horas, todos se vão, a menina quando se despede fala: - paciência, é isso que te aconselho, mas espere, não se precipite quando já não contar com ninguém para se abrir, com o tempo aparecerá amigos e diversão, o mundo já se abriu, não se entristeça...
Mas aquilo tudo não passava de um sonho, acordei como se tivesse ouvido um grito, um clamor para que eu acorde e, realmente, não me entristeça, perante a indiferença. Vi que ainda eram nove horas, fui num bar, comprei uma cerva e a bebi olhando para as estrelas no meu quintal, foi engraçado a partir daí eu sempre fazia isso quando a minha mãe saia, depois que bebi peguei um caderno e comecei a escrever tudo o que vinha a minha cabeça. Ás vezes só vinham poesias escuras, tristes e melancólicas, por sua vez quando eu escrevia histórias imaginando festas em casas de praia, ou acampando, vivendo tudo o que não podia viver ali. Poesias falando de amantes e amores que nunca eu tinha vivido... E, para mim, o dia 13 de fevereiro só foi isso, um sonho, que só aumentou a minha ansiedade pelo carnaval, era a minha esperança de ver parte desse mundo tão aberto que tava agora.
Treze de agosto:
Acordo, lembro-me, que hoje eu tenho prova de segunda chamada e logo de química, meu dia começou bem... Já vai fazer uma semana que mudei de turma e me encontro com pessoas novas e que são agradáveis. Foi difícil e rápida a decisão de mudar de turma, afinal eu tinha encontrado pessoas que queriam a minha presença e eu estou vivendo essa época muito bem, de muita produtividade. Rapidamente o dia termina e à tarde se aproxima, ninguém me liga, tento falar com amigos meus – que eu fiz ao longo desses quatro meses -, mas o celular está desligado, ou toca até desligar, todos estão ocupados de certa forma, vou fazer a prova imaginando que seria mais uma sexta feira treze que eu não faria nada. Mas por um impulso, quando já tinha terminado a prova ligo o meu celular, depois de uns segundos o louco liga, rejeito a ligação dele, me apresso em entregar a prova e quando to saindo da sala liga de novo.
Era um menino que não tinha ficado nem três vezes.
O canalha perguntou se eu ia sair, blá blá blá, no final das contas perguntou se eu ia ficar sozinha em casa. Disse que sim. Minha mãe iria sair para mais uma festa. Marcamos de nove horas ele passar lá em casa.
Fazia tempo em que eu não ficava tão ansiosa. Como no dia 13 de fevereiro. Ele chegou, bolou um baseado e quando acendeu, aparece um amigo meu na porta. Ele entra, fuma com a gente, tinha trazido um vinho – supostamente, sabendo que eu estaria em casa sozinha, para ficar comigo... – bebemos o vinho, fumamos outro baseado, nessa altura do campeonato já tinha colocado um som para rolar, Manu Chao, rock’in’roll, até que deu 10h e o meu amigo foi embora. O canalha continuou no mesmo canto do sofá, a espreita de uma oportunidade de me beijar.
Ficamos fumando um cigarro, um olhando para o outro, a cada olhar um desejo, uma vontade de começar logo o que tínhamos planejado. Até que ele se levantou – por um momento pensei que ele tivesse se cansado e que iria embora –, mas não. Ele me chamou e eu fui até os braços dele, na verdade pulei em cima dele e ele apertou minha bunda com as duas mãos e o vigor de quem há muito esperava por aquilo. Carregou-me até o meu sagrado quarto, na parede me despiu e me beijou, enlouquecidamente, ansioso, a parede apenas o ajudava a pressionar ele contra mim, seu pênis rijo contra a minha coxa, não deixava escapatória, estava acontecendo aquilo! Tirou-me a calcinha e me chupou ali mesmo na parede. Abraçou-me de novo e fomos até a cama, transamos e quanto mais transamos a cama balançava e fazia barulho. Sussurrou no meu ouvido: não quer ir dormir na minha casa. Nem hesitei.
No carro o chupei, na época, a bem dizer da verdade, nem sabia direito o que era um pênis, quanto mais chupar um pênis. Mas ele gemia, gemia e era delicado, não se deixava corromper pelo prazer. Chegamos à casa dele.
Transamos, transamos e transamos. Na sala, no quarto. O canalha não me deixava parar de gozar. De certa forma ele me iniciou na arte milenar de satisfazer o amante. O seu puxar de cabelo, senti o meu clitóris vermelho e duro pela primeira vez, de tanto que ele chupava com prazer e vigor e violência e carinho. Será possível. Foi o que eu senti. Seu beijo não era romântico, mas era apaixonado pelo meu cheiro de sexo pueril. Como se ele soubesse que ainda era uma terra a ser desbravada, uma terra de pernas abertas e que só esperava o cara certo. O tal canalha conseguiu amanhecer e ainda transávamos loucamente.
- Sou sua escrava! Ah... Você ainda me quer mesmo assim?
E ele não parava de repetir quero e quanto quero mais não me conformo.
Gozávamos, fumávamos, transávamos, goza... fuma... transa... Até que ficamos abraçados acariciando um ao outro, masturbando ele e ele beliscando meu sexo, como quem diz ainda não acabou, meu pau ainda resiste a tua buceta quente e gorda. E lá ia de novo ele, mordiscar meu sexo, soprar e soprar até que ficasse vermelho e duro, meu clitóris inchado pela primeira vez. Os primeiros raios de sol entraram e a ultima transa. Papai e mamãe, submissão controle, fragilidade fraqueza, destreza sensualidade, gemido gemendo, o sono sonhando.
Tomei café com ele, fumamos o ultimo cigarro juntos e ele foi me deixar em casa. Era 7h da manha. Quando chegou em casa o canalha apenas sussurrou bom dia minha doce flor. Como um dom Juan safado e que eu adoro. Dormi bem aquela manha. Não me importo de nem saber o que ele faz da vida, porque sei o que ele faz melhor. O canalha.

segunda-feira, 3 de julho de 2006

bem, cronica de esbornia, parte IV. considero essa cronica um pouco infantil... mas acontece nas melhores familias...

Quando estamos sentados em um sofá que mais parece um palco, no centro uma lâmpada, daquelas de interrogatório e o sofá pequeno, no máximo três pessoas, algo aconchegante e um leve ar de teatro. Como dizia a tendência é que você interprete um interior seu que nem existe, ou é inconsciente. Vem o baque. Você está com seus amigos, sente aquela sensação de estar presente em algo que gosta, sente prazer. Vem um problema. De ordem sexual. Como sempre, nas minhas ultimas crônicas os problemas, a maioria vem de ordem sexual, ou é a família sexualmente reprimida, ou é os amigos que não entendem meu conceito de sexo, não só o ato – que pode parecer depois de um tempo tão mecânico quanto comer – o que é muito chato. Sim de sexo por cotidiano, amante, vinho, chocolate, filmes e mais sexo. Mais problemas de ordem sexual: fidelidade, como assim se eu desejo mais homens do que o normal, idiota é que pensa que todos nós seres humanos somos iguais, cada um tem sua receita – educação, genética e meio ambiente – e cada um tem mais uma infinidade de tipos. Tem gente que acaba não se apaixonando por ninguém e tem gente (como eu) que se apaixona, que no seu sangue a paixão é como raios atravessando arvores e queimando tudo ao redor num grande incêndio. A fidelidade é uma conseqüência não uma obrigação.
Você esta com homens legais, belos, não só no estereotipo, que parecem transar bem e endeusar qualquer mulher que se atreva a um beijo sagrado. Então a ordem natural das coisas faz com que você os deseje, queira prova-los para ver qual é. Por mais que seja interessante conversar uma hora você pensa em sexo. E tenha certeza disso: bem que eu não queria pensar em sexo, mas aí de repente me vejo imaginando o professor nu em um quarto comigo! Imagino o corpo, as silhuetas e as palavras que ele diz para turma, eu ouço no meu ouvido, podia ate sentir sua boca molhada não só na minha boca. Como isso poderia ocorrer, como pude pensar de forma tão repentina em sexo? Os desejos a gente não controla. E olha que eu nem sinto muita falta. (de desejar alguém).
Então como as mulheres se insinuam para os homens, como elas avisam: “olha, eu estou no cio, por favor, você poderia baixar as calças e saciar-me por meia hora...” é obvio que não é assim. Então qual é o segredo dos amantes?
Acabamos indo para o quarto mais uma noite para dormirmos pensando o quanto seria legal ter aquele pé nos aconchegando.
Imaginei uma nova situação.
Cinderela era pobre, camponesa, enteada de uma madrasta má, conhece o príncipe por acaso e vivendo um sonho vai para o baile, deixa a sapatilha à meia-noite e o príncipe busca por todo o povoado aquela sapatilha brilhante.
Qual seria a Cinderela do séc. XXI? Foi isso que imaginei.
Uma menina, solitária em suas idéias, considerada estranha, cujos pais são repressores, mesmo que estejamos em pleno séc. XXI sabemos muito bem que pais assim estão em extinção, entretanto os que têm são os piores. Desde pequena relegada ao papel de empregada, sempre tendo sonhos estranhos, como destruindo todas as pessoas que não gostava. Quando descobriu a musica do Radiohead, as lindas frases do Kafka, Dostoievski e um chamado de Nietzche, ela percebeu que não estava sozinha, que escritores como esses tinham muitos e estava apenas conhecendo os mais famosos, até porque por mais que você não tenha acesso a coisas que não sejam da moda vai aparecer um Kafka na biblioteca de sua escola brilhando e com um letreiro: “leia-me!” Interessou-se por política, filosofia, rock’n’roll. Seus pais achavam estranho, mas a menina lia, sinal de inteligência, a menina não saia de casa, sinal de segurança. Como sair de um calabouço como esse... O príncipe.
Uma noite, tinha especifica, de sete e 20 até às 9h. Era de historia. O ano mal começara e a aula era sobre a pré-história do homem. Que tem uma teoria de que o homem só tinha relações sexuais com a mulher de quatro e um belo dia uma mulher se recusou a fazer de quatro. Foram tantos dias de luta, contudo a força do homem conseguiu tomar a mulher, mas desta vez, a primeira vez, a posição feita foi papai e mamãe. O olhar, o profundo olhar entre duas pessoas que estão unidas pela a união de um pau e de uma boceta fez surgir o caralho do amor. A civilização, a instituição do casamento e o fim do incesto.



As aulas estavam-na sufocando. A aula terminando. Saindo de casa percebeu que tinha cinco reais e que poderia tomar uma cerveja, por que não? Nunca fizera isso. Sentada, sozinha, apareceu um homem, era seu professor de português. Ela sempre calada aceitou submissa ele sentando na cadeira, seu dia já não seria como o dos outros, primeiro porque bebera uma cerveja e segundo seu professor a olhava, a desejava, podia perceber isso e sorria.
Posso vê-la, com o caderno no colo, sorrindo para o professor, os dois bebendo calados a cerveja, um olhando ao outro. Ajeita o cabelo, num sinal de delicada vaidade, pois passara o dia no colégio devia estar um caco. Então, como uma estrela cadente caindo no céu, como um gol sendo marcado nos 47 do segundo tempo, ele ajeita o cabelo dela, lentamente porem tão rápido que a única reação dela foi continuar sorrindo.
Pausa.
Qual é o segredo dos amantes?
Quando já era dez horas, ele pagou a conta, ela reagiu, protestou, disse que pagaria uma. Como era a primeira vez que ela falava o professor apenas sorriu aceitou e pegou a bolsa da menina. Esta o seguiu até o trajeto do apartamento dele. A moça também morava perto. Os dois lembraram que já tinham se encontrado por acaso em algumas situações.
Subiram o elevador olhando para o teto e para o espelho e para o chão.
A menina entrou no apartamento vendo o mundo de livros que ele tinha paredes completas de livros, coloridos, negros, grossos e de poesia. Apenas um divã. O professor tirou a blusa e colocou sobre a cadeira. Ela colocava as coisas sobre uma mesa, quando teve um “insight”. Por que não reagir de outra forma?
O abraçou e o beijou, tirou a blusa e na cama no quarto no divã ele recitou dos poemas mais lindos no ouvido na barriga no Vênus. Endeusava a pequena menina, como um sacerdote em um ritual à sua deusa. Tocava seu corpo com firmeza e sutil toque de calafrios. Cada curva era um descobrimento, afinal ele só a via de farda.
Meia-noite. Ele dorme. Ela deixa o seu telefone e se vai.

Cronicas de Esbornia. parte III

ANDAR DE ÔNIBUS
Andar de ônibus nos traz a sensação de ver varias historias através da janela. Rostos que não conhecemos e que através da estética descobrimos ao menos umas pistas, estranhas por vezes, é verdade.
Foi nesse pensamento que percebi uma mulher andando nove e meia da noite passeando com dois cachorros, em rua nada confiável. O sinal fechou e aí pude analisá-la de forma mais atenta. Tinha um semblante triste e preocupado, os cachorros cheiravam o chão, despreocupados. Pela roupa percebi que era discreta e daquelas esposas donas-de-casa. Pude então formar uma opinião pensei primeiro no mais melodramático e escatológico. Ela saiu de casa tarde, na desculpa de sair com os cachorros, para formar um plano, o marido devia estar dormindo ou bêbado ou cansado do trabalho. Plano de fuga, de matar o marido que a bate e trai. Ou matar a amante que por acaso é a vizinha, ou então saiu na desculpa de sair com os cachorros para ver se o marido a trai. Mil possibilidades, ela mesma podia ter um amante e planejar uma futura separação, filhos envolvidos em drogas e para isso ela os seguisse para ver se iriam comprar algo ilícito. Tentei não pensar em clichês, mas como não pensar quando vemos um semblante preocupado como o dela, por vezes olhando o chão e o céu como se fossem coisas terríveis.
O sinal abriu e eu a esqueci.
Parou num ponto que era numa praça, percebi que uma mulher me olhava quando fui ver era uma linda mulher, entretanto albina! Ela me encarava com uma indignação típica de quem é perfeita e por causa de um único cromossomo a sua perfeição estética se estragou – por assim dizer – olhava para mim percebendo o nariz afilado e os olhos negros e senti uma inveja estranha por parte dela, pensei que ela estivesse pensando que como tinha azar na vida, logo albina e sem poder mostrar seus verdadeiros atributos. É claro que não defendo esta tese de que o corpo e a aparência são vitais para o ser humano, ajudam, e muitas pessoas ainda crêem na tese de que ser belo é ser bonito, mas ser belo é ter virtudes como a honestidade, a liberdade, amizade e muitos “ade”. O que quero especificar que quando percebemos estas e muitas outras virtudes a pessoa dita feia pela moda acaba se tornando bela, belíssima. Houve uma época que ser gorda era um privilegio de poucos e por isso mesmo o ideal de beleza, hoje é o oposto. Então para os bonitos digo uma coisa: sejam o que vocês são, tão simples, para os feios: parem de ir a academia na tentativa de se tornar belo, salão de beleza é uma saída também que não é boa, cultuem os corpos como alguém que cultua uma boa torta de limão, sem preocupação... ah... tô me encanando muito com esta história. Bem sei que foi por causa do olhar dela. Imaginei que como estava sozinha, algum idiota deve ter soltado uma piada grossa, do tipo “ô, gostosa albina, vem pro papai aqui.” Isto além de revoltante dá uma raiva por que os rapazes que ela deveria desejar não estão nem aí por ela ser albina e vem uns escrotos desse e estragam a noite de uma bela mulher.
Virei o rosto para não a olhar mais.
Entraram uns homens ignorantes bêbados enxeridos chatos e sentaram logo na cadeira atrás de mim, ficaram frescando com o meu cabelo – por ser curto – tentei me concentrar na rua, não ouvia o que eles diziam, lembrei-me da Amélie Polan, no seu filme, lindo. Mais uma vez o sinal parou e olhei ao longe um casal numa bicicleta, os dois extremamente magros, não sei vocês, mas eu reconheço noieros (fumadores de crack) de longe. E este casal era típico casal noiero, a mulher usava uma blusa uns três números maiores e parecia feliz ao lado do amado, saciada, paciente como se tivesse acabado de conseguir algo valioso, dinheiro, nóia. Ela me olhou e soltou um sorriso, não tinha tantos dentes, mas tinha algo que poucos tinham no sorriso, por enquanto não sei descrever. Ele beijou o pescoço dela quando o sinal abriu.
Enfim cheguei ao destino e quando cheguei ao chão percebi que depois de tentar adivinhar tantas historias de algumas pessoas era a minha vez de decidir a minha.

quinta-feira, 29 de junho de 2006

Paixão de Carnaval parte I

Romances, paixões sexo amor por conseqüência seqüências de traições de desejos de vinganças e erros. Principalmente de erros, tragédias choro arrependimento.
Seqüências de filmes em que não gostaríamos de viver.
Como não escrever algo que nos tenha atingido, o personagem em que criamos nasce de algo em que nós vivemos ou que alguém vive – seja nos sonhos seja na realidade – putz! O ato de viver é difícil de assumir, requer paciência quando na verdade somos ansiosos, corruptos e umas bombas prestes a explodir e destruir o que está ao nosso redor. Por isso há pessoas que matam, que se isolam, que se tornam submissas, ao mundo ao marido aos pais, o que recomendo é que as merdas que acabam acontecendo, você ao menos tente transforma-las em um dito poético, fuga poética, uma merda poética. Rio agora, mesmo assim, por mais que este texto seja lindíssimo ninguém pode subornar o tempo e voltar uns dias atrás. Silencio por trás de todo engajamento poético.
Somos irresponsáveis. Viver a vida é de todo um ato de irresponsabilidade.
Se ele não me ligar ... o que será de mim? Eu que me apaixonei a ver aquele homem se aproximar no meio da multidão. Ao nosso redor pessoas feias, ridículas e bêbadas. Plena terça-feira de carnaval da domingos Olympio. Os nossos olhares se atraem no agora. A barba dele me atraiu no ato. Sou louca por barbas. Nos cruzamos e em cinco minutos eu já sabia o nome dele, em dez já tinha me beijado e meia hora estava na minha casa, na cadeira onde escrevo agora me comendo, carnaval é assim mesmo. Ele tirou das cinzas um sentimento que eu nunca sentira antes, hehehe eu sei é contraditório, ele demonstrou ter uma paixão recíproca. Ele me beijava com o mesmo afinco que eu o beijava, foi a primeira vez em que vi senti isso. Não acontecera antes na primeira vez com ninguém. Esta tal reciprocidade. De tamanha envergadura que até o meu batom vermelho fogo-sedutor ele tirou. Éramos o típico casal de carnaval, apaixonados, românticos e loucos, irresponsáveis. A nossa noite contada por mil diretores. “It’s my man.”
Transamos e como transamos. Ele parecia conhecer o meu corpo e mesmo assim o elogiava. Descobria curvas que nenhum idiota conseguira, tirara um trauma de um dia. Sacanas que vem transar só por transar, como se fossemos mercadoria, aí vem e dizem umas merdas como se fossemos gostar:
- ah! Toma, vai, vai bem gostosinho... Ah toma, vai, bem gostosinha.
Não é ridículo? Esta troca de gêneros, como ele gemia, que raiva que eu sinto! Ainda bem que o K. tirou-me este trauma de forma maravilhosa, mágica, de ouvir sininhos e ver passarinhos verdes, muitos e brilhantes. Sinto, cara leitora, que se você tenha gostado do que foi dito ali em cima, só posso dizer que cada um tenha um gosto peculiar, que o K. falou coisas mil vezes mais sensacionais não precisando ser intelectualóide e blá blá blá, que o K. é perfeito e por mais que eu tenha repetido o dia todo para todos os meus amigos, não canso de pensar nele e já sofro antecipadamente à la Florbela Espanca.
Amar é um risco.
É uma ferida que dói sem saber. Tento me lembrar de Camões. Existe então amor à primeira vista? Creio que sim.
Tentem imaginar: chego à avenida domingos Olympio sozinha, já na expectativa de aquilo ser uma merda, olho ao meu redor só vejo pessoas feias e bêbadas e andando em frente percebo que ele se aproxima, lindo, estranho, diferente de tudo do que este ao redor, levemente bêbado. Nos cruzamos, nos viramos e eu me aproximo dele, ele diz que parece ter me visto no Noise. Digo a ele que somos meio diferentes do comum. Na verdade a primeira coisa que eu disse foi: “é carnaval”. Ele afirmou com a cabeça, perguntou se eu estava sozinha, disse que sim e ele me levou, até seus amigos, que eu já conhecia. Só não o conhecia. Os amigos dele eu conhecia e os meus ele tb conhecia. Parecia que um diretor de cinema, que poderia ser o Fellini ou Bertolucci estava comandando a noite.
Não demorou muito tempo para darmos uma volta, nesta volta um intervalo e nesta pausa, no meio da multidão um beijo, french kiss. Ouvíamos buzina, pessoas olhando, policias reparavam, taxistas também, como ele abraça forte, poderia escrever até enjoar e não conseguiria parar, só pensando no que ele pensaria ao ler este texto. A beleza dele. O beijo. Estou me afogando num poço de ilusão chamado ... advinha? Algo tão intenso e perturbador. Não consigo nem estudar e pensar que próximo ano vou fazer a mesma faculdade que ele. Escrevo no meu caderno: j’aime K. Toujours. Fico agora ouvindo boleros e músicas tristes. Ele não me ligou. Ainda é cedo para dizer algo.
As palavras dele ao meu ouvido. Não consigo esquecer.
Não quero escrever que merdas acontecem e que merdas são essas. Não quero ler este texto novamente e ler as merdas.
Refugio-me no cinema, no impossível, no acaso, que tão cedo vai presentear-me de tão inesperado presente. E prazeroso também.
Se nos próximos dias ele me ligar deixarei como o texto esta, intacto silencioso misterioso. Sem futuro. Contudo, antes sem perceber o valor que a frase tinha, assumo: estou perdidamente apaixonada.

sexta-feira, 23 de junho de 2006

cronicas de Esbórnia - parte II

Eu venci a cocaína.
Apelo sempre para a escrita quando me sinto deslocada, nada como colegas de gaiatices. Eles trazem álcool, companhia, palavras tolas e alegres e aquele leve ar de euforia. Não estou triste, apenas estagnada e ainda me veio a seguinte situação:
Machado de Assis no seu livro Esaú e Jacó traz num dos capítulos uma espécie de advinha, ela chega a prever a verdade, parcialmente, mas não revela ao cliente. Como prever nossos dias? Ate certo ponto fiquei mexida no porquê dos meus dias estarem sendo tão previsíveis.
Uma festa de aniversário, numa bela cobertura, com algo de demoníaco e dionisíaco. Pessoas rindo, bebendo, ouvindo não sei lá o que. Em certa altura tudo parece parar e a minha vontade é de ficar sentada vendo as pessoas se divertirem, entretanto rufam os tambores, mas rufem mesmo!
Chega aquele ar de euforia. De boca em boca uma fumaça, de blusa em blusa um cheiro indescritível, os tambores começam a rufar para todos e só quem sente é quem sabe o que é, simplesmente o que é.
Quando se consegue voar até o céu – às vezes tão longínquo – acontece da queda ser bastante grande e bater aquele desanimo, putz como é chato ficar pensando ao léu e não acontecer nada, aí – senhoras e senhores – resolvi apelar ao supremo tribunal do prazer. Cocaína.
A primeira sensação é que tudo ao redor te ama e te venera. Já tinha cheirado umas duas vezes, mas nesta vez o pó era bom e a companhia melhor ainda. Depois vem aquela instigação para falar com o mundo e sobre tudo, vem uma vontade louca de sexo drogas rock’n’roll.
Cena de filme: acende-se um cigarro para sentir o prazer destruir e tornar todo o seu organismo um caos, quem gosta de viver o caos tem que fazer uma escolha, aceitar os vícios e o caos, no meu caso a questão da grana sempre foi difícil obter e por isso mesmo não vejo nenhuma destruição financeira, apenas ocorre o seguinte enquanto algumas pessoas gastam dinheiro em carros, roupas de marca e todo esse consumo capitalista – nós (as pessoas viciadas em drogas) – preferimos gastar com drogas, álcool, cigarro e etc. Eu pelo menos só gasto com cinema, transporte e drogas, algo mais serio como livros, matriculas da vida eu junto sei lá não vem a caso, não quero fazer apologias. Enfim, cada um defini o que seria viver a vida, todos nós temos os nossos soma, alguns o soma é deus, para outros é a cocaína, para mim o ato de viver despreocupadamente sem pensar em convenções, costumes, regras, horário e preconceitos, conviver com amigos do meu naipe, que gostam de mim e que são minha segunda família é o meu soma. As drogas são apenas um tempero, como a pimenta. É aí que me sinto livre, livre para ser alcoólatra social e fazer sexo.
Depois da sessão cocaína tudo ocorreu como num script, uma menina vem me abraça me beija me consome e tudo tão intenso e renovador, comecei a sentir que minha alma estava se recarregando no exato instante que a menina me levou para aquela pequena salinha. Beijos, toques e desespero.
Quando saí para fumar um cigarro só conseguia repetir: como sexo é bom como cocaína é bom, sexo bom, cocaína boa, bom boa. Ainda beijei muito mais, todos numa sintonia.
O sol começa aparecer nublado. Sentei-me num canto que ninguém pudesse enxergar o meu cansaço, o que na verdade foi justamente o contrario, chegaram pessoas, sentando ao meu lado, conversando e dizendo besteiras do tipo quem bebeu mais, quem se passou mundial. Houve um dado momento que fiquei sozinha com um rapaz. O conhecia de vista, parecia ser um playboy de bom gosto, não me interessei por ele, por acha-lo um pouco fútil. Enfim, só sei que fiquei afim dele e disse na cara dele. Ele como fiel seguidor da boa moral e dos bons costumes me levou na desculpa que iria me dar uma carona. Velho papo da carona...
Logo após de ele ter deixado um amigo nos beijamos, fumamos um e nos preparamos para o tal sexo matinal. Ele me levou numa praia esplendida de linda, conquistou-me com seu ar de amante moreno, sensual até na fala, na praia ele colocou um cd que me emocionou: a trilha sonora do Pulp Fiction, vocês não vão acreditar como eu gozei. O tal amante me pegava, me enforcava e arranhava meu pescoço, queixo com sua barba rala. Passava sua mão em minha coxa deliciado em ver que aquilo era real, eu olhava para o mar, ouvia as musicas, diálogos, eu masturbava aquele animal com grande satisfação – pois o seu pênis era grande e muito grosso – seus beijos me engoliam e me apaixonei por ele.
O que tem a ver o título com esta crônica? É que o tal amante tinha cheirado também. Há varias lendas acerca de que a cocaína deixa o cara de pau mole... Pois bem sabemos agora que eu venci a cocaína.

quarta-feira, 21 de junho de 2006

Cronicas de Esbornia.

Faço um manifesto, a favor da loucura, de poucas palavras, a favor do desfavor, tudo com pouco sentido, a favor do feio e do grotesco, dos filmes de terror B, da ressaca moral e tudo o mais. Um manifesto que não é contra nada, apenas contra o que é feito contra a vontade. E como esse manifesto tem poucas palavras não posso me demorar mais, porque não quero idéias quero lembranças, nem passado nem futuro o estagnado hoje.


Livremente inspirado em Antonia
Sozinha em casa abro as janelas, por sorte o sol está agradável, acendo o cigarro, escutando beattles, olho para os prédios ao lado e penso se um dia os moradores não conseguiriam ver-me só de calcinhas tomando sol. Como agora.
Olho para a sala, não sei que fixação por flores minha mãe tem, que os quadros da sala são todos de flores, um ganhado em um bingo e outro ganhado por uma amiga. Vejo o quadro de fotos e me vejo recém-nascida, pequena, com meus tios e varias varias outras fotos. Fotos que mostram o quanto somos uma família não convencional. Sem maridos.
Alguns possuem a sorte de nascer numa família que lhe abre portas. A minha bisavó sempre me pareceu uma mulher meio enxerida com um pouco de hipócrita, há uma lenda que ela casou grávida dizem os mais fofoqueiros que era de outro, ela morreu dizendo que era do meu bisavô, mas não criou a filha. Ela, segundo os meus pensamentos de infância, foi a primeira mulher a se separar em Parajuru – cidade natal – teve sua segunda filha, minha avó, esta cuidou dos irmãos e adquiriu um pensamento muito liberal para a época, graças a livre intenção de ler e mudar de vida. Vovó sempre me diz que fugiu com o meu avô e depois se viu obrigada a casar, a partir daí quando teve suas filhas as ensinou como o machismo imperava ou ainda impera na nossa sociedade e tanto é que nem minha mãe e nem minha tia se casaram. Já os homens da minha família... São meio sentimentais demais, impulsivos e corajosos, eles precisam de uma revolução.
É verdade que às vezes pareço por demais feminista. Detesto dizer, mas eu sofri o machismo em doses cavalares, o rock’n’roll me fez encarar o machismo com coragem, happenings e o velho lema.
A minha família não é intelectual, possui aquele socialismo corrompido pelo capitalismo, ajudam onde podem, não deixam de ser consumistas porque acham que é para o bem, minha avó nunca leu escritores libertadores – isso é que me emociona – defende Cervantes, contudo acha que filosofia é coisa de insanos, no fundo talvez seja. Apesar de todos os defeitos que uma família pode ter, creio que nenhuma família curte um carnaval melhor do que a minha. É genéticos o alcoolismo e a inteligência. Pena que a presença paterna nem sempre seja presente. Daí a importância das mulheres. A força que elas têm e a capacidade de enxergarem muito mais que um palmo a frente delas. Eu não vi a pobreza que um dia elas sofreram, mas a força daqueles dias de roça com certeza eu tenho no meu sangue e se eu tenho orgulho porque não escrever?
Talvez pelos os homens sempre mostrarem que o que eles querem da mulher fossem apenas aquelas servidão antiga eu e minha prima tenhamos pensado por quê não amar as mulheres?
Poucas pessoas entendem porque com tão pouca idade possui uma maturidade que eu não devia ter, mas quem tem uma infância como a minha?! Com vozes tão altas e claras, o mosquito da liberdade me picou muito cedo, a leitura só fez empurrar a minha imaginação ao longe.
Como quando quis perder a virgindade. Não acreditava que uma pessoa podia amar sem antes conhecer o sexo da pessoa, tinha então quatorze anos e estava nas minhas férias de julho, queria saber como era afinal o sexo. Por quê que havia tanta especulação e proibição das mulheres e hipocrisia, numa bela noite combinei com um rapaz - parecia-me o mais capaz de me abrir a porta do que seria a paixão - que ele aparecesse no meu portão de madrugada. Sabe como é, quatorze anos eu não sabia direito o significado do termo namoro fidelidade, para mim aquilo combinado era apenas um encontro, obvio que não foi o único, enfim ele apareceu e no famoso quarto ao lado da piscina eu perdi a virgindade, não sangrou e não doeu muito, as minhas conclusões foram: as pessoas falam de mais e fazem de menos. Eu não o amei, mas naquelas férias de julho ficamos o mês todo, eu achava que era apaixonada por ele. Hoje percebo que não. A figura dele para mim era de um jovem rebelde que não tava nem aí para as convenções e ele ia para a Turquia, no fundo foi o certo.
Não me esqueço do dia em que fugi para ir a praia com ele, à noite, ele colocou a blusa na areia todo delicado, acho que era amarela e eu transei pela segunda vez olhando a lua cheia, ouvindo o mar e ah! Vai, ele era bem dotado. As amigas que eu tinha eram tão legais livres independentes da boca do povo, éramos um trio considerado quase lésbico, na época não me interessei por nenhuma. Quebrávamos limites, porque tínhamos uma verdadeira amizade, independentes financeiramente e botando sexo na cabeça. Uma cuidava da outra.
Como eu gostava de quebrar a cara dos homens, quando foi no final daquele mês houve uma convenção de capoeira, holandeses e eu acabei ficando com um, a primeira vez que vi um homem gozar foi com esse holandês, achei que fui muito boa, segundo homem da minha vida depois de quinze minutos ele já tava gozando! Nesse momento me vi predestinada, não seria normal, não me casaria como uma submissa. Como traí o meu primeiro homem? Não sei. Na época eu não sabia ao certo o significado das palavras.
A partir daí o homem foi uma imagem de prazer para mim, paixão, intensidade, carpe diem!
Penso que o único homem pelo qual me apaixonei sumiu no universo. E quem sabe um dia ainda descubra o significado da palavra amor...