segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

_I_

tudo o que eu acreditei quando um dia eu não tinha amigos é que bastava conhecer um pouco de cinema, literatura, um pouco de amor a aventura e sedução pelo perigo, clichê do jovem rebelde desvirtuado, do alto das minhas companias, nas quais sempre eram personagens delineados por borges, kerouacs, estrelas que falavam sozinha... sempre vi a perfeita comunhao entre amigos e liberdade. Os anos passam, o adolescente peter pan continua em voce e se sente o tal por isso. amamos nossos pais e amamos que eles flertem pagando essa desventura. o caso é que comigo casei com a liberdade, por tudo e por todos que amo. sempre acreditei que o mais importante é crer no seu ego como máquina de mudança - injustiças, segregações, merdas e afins - e quando o tempo passa vc percebe que tá na mais comum das panelinhas, pior, nas panelinhas do discurso libertário, do discurso panfleto de ordem que todos possam aproveitar a putaria e ainda fazer algo pela revolução. nunca fui de hastear a bandeira da revolução, sempre hasteei outra coisa: e nao era só e somente só pintos e sim hasteei e hasteio prazer convicto de liberdade. por mais simples e besta que possa parecer quando escrevo estou livre das tais panelinhas preconceituosas e estou convicta que meus erros são mais overdoses do que ideologias. por que tanto egoísmo então? porque quando escrevo escrevo partindo do meu ponto de vista e este todos os dias tento faze-lo de forma que provoque a tal sedução. o que sinto é uma grande epidemia de euforia, epidemia de depressão, nós os jovens não temos mais em que crer, em que acreditar, acreditamos nas drogas como forma de rebeldia, foda-se as drogas, a rebeldia tá nas pessoas! nos atos. é uma pena que eu me sinta tão desiludida. é meio desperançoso pensar que é melhor viver na euforia, nossa, veja como tudo é eufórico hoje em dia. as propagandas, os romances, as tristezas, a gozada, a queda é grande meu chapa. e quando se ve que seu emprego não é essas coisas, a namorada é mais uma bonequinha, a casa então, MAS mesmo assim continua ai fazendo o seu proprio marketing. e a minha euforia é a euforia de se fazer convicto o ato de liberdade. MAS há o medo e outras mil conclusões antropológicas. O rapaz que no amigo secreto cuspiu a cara da criança de rua que só queria abrir a embalagem não sabe o quanto ele influenciou nisto aqui, mas vejamos bem: o que nós sabemos sobre nós mesmos? o que nós fazemos pra nos conhecer? e pra saber que continuamos nesta mesma panelinha chamada interesse. o mundo explode. o samba continua no ar. percebo que hoje tenho amigos não por gostos pessoais, mas por amor, por liberdade, termos que nao precisamos conceituar e peço, que simplesmente, o vivamos.

texto que adveio após sair numa noite em Fortaleza. O grande forte dos velhos conceitos.