terça-feira, 4 de dezembro de 2012

plano b


politica

o que é o poder

eu posso, tu podes?

eu nao vejo televisao, é tudo igual;

o maior pecado atual é a perda de tempo.

aluguel, me aluga não...

[ paulista se fode meu ] lapso de um dia em alguém

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Cartas


       A escrita me auxilia a ver de novo o passado. A ver o que eu cria ser o pleno e o fluido prazer. A noite com o mar, nem imaginava o rumo que isso ia tomar. Cresci entre camas insatisfeitas e precisou de um banho aquele que renasce. Esse banho, por outro lado, existe também em ações, acontecimentos, leo me abraça e me faz chorar os anos de 2008 morte d(a)  prima 2010 se revelam em penumbras de caos necessário, leo me colocou de novo no centro, me colocou inclusive pronta pra suportar minha própria natureza. A metáfora do sufi brilha com aqueles que dançam sem nunca cair ou mesmo com aqueles que constroem palacetes, como diz Ali. Tal movimento que só consigo pensar, sentir e agora sim volto a escrever. Tola ainda sou, porque o templo implacável sempre regenera de possibilidade ditas e sentidas "como boas", bastando que o dia apareça para nós. O conforto de poder exemplificar todo esse processo na palavra puberdade - ou como o amigo Santiago diz pu(v)erdade - fazer sentir a passagem da idade criança para idade mago - sinceramente prefiro pensar nos Jedi, que tem a sua hierarquia pensada na experiencia do ser, como marivas me chamava: pequena padawan - aprender que manter a tranquilidade é uma questão de rotina e cotidiano, invenção de risos e convocatórias de prazer ao deus baco e afrodite, minha linda. Não preciso sair do ocidente para afirmar que a vida tem que ser levada com fé e potência no devir, santo nietzsche, que se treme só de ser chamado de santo, mas tremer é bom, pensa a esquiza. Parece que isso ocorre tão solto, o caralho. Primeiro precisei sair do rodopio, passar pelos frios e decadentes humores daqueles que não levam em consideração o outro. Cheguei a pensar que nunca encontraria uma galera maneira que fizesse plena na loucura. E eis que no carnaval, contra todos os humores que diziam: você é louca, perder o bloco para buscar uma garota que tu nem conhece?, sim, eis que eu fui lá, sabendo que a troca é um hábito experimentado, o real demonstra isso, quer real mais fantástico do que o do cigano? A busquei, a acomodei, ouvi notícias da Síria, Egito, e tudo pareceu tão real, quanto a presença dela.

    Os encontros mágicos se abriram.  O tempo-devir entre um carnaval e uma semana em novembro. Como se o que precisasse fosse somente uma porteira*. Apresentou-me um mundo que eu achava impossível. E neste ano de 2012 fui lá conhecer a terra dela. Os pólos se inverteram, por supuesto, visto que sou cearense (da terra do calor ameno o ano inteiro) e aonde fui se concentra do frio ao calor em um dia (porto alegre).É claro que há o diferente, árvores, voz, toque ou não toque. As árvores me mostraram o silencio do outro. O pensamento correu tranquilo, como há muito tempo não conseguia. A partir de tal silencio vi que é possível ter uma distancia entre o eu e o outro, tolo de minha parte, achar que dá pra compartilhar tudo em todo tempo, paciencia com o dialogo e a linguagem. Felizmente dedico o meu tempo a pessoas esquizas que me levam a outros mundos. Há de se ter paciência com a imbecilidade, porque é a maneira mais fácil de fugir do sistema. Entretanto, pausa para uma baforada, me utilizo dos escudos afetivos, da proteção da Juliana (você tá fudida! os acadêmicos, as feministas... lembra?), do silêncio e da zomba, se vc ri, o que há de se fazer contigo?

    Em Porto Alegre, descobri que posso gozar sozinha.

    O meu delírio megalomaníaco de amar o mundo se concretiza em sonhos, palavras e há uma paciencia colorida de ideias e sons que faz com que o sexo seja livre.

Eu desejo o mundo.
Eu desajeito o mundo.

Não há fim, porque não cessa a escrita. Alguém continua.

domingo, 30 de setembro de 2012

Cabo Verde dream's

The Budos Band "KAKAL" - Exclusive 45
Algo terrível acontecia. Desmaiavamos em terras gringas. Aparentemente uma praia cheia de pedras, Bianca, portuguesa, uma conhecida minha, estava ao lado. Depois soubemos que naufragamos em Cabo Verde. Uma belíssima praia se abriu a nós. O sol que lembra o ceará, mas diferente, o sotaque e o clima se confundem, se procriam, e cada sotaque-clima tem seus filhos e filhos. Lá a língua falada era portugues de portugal. 

andamos, conversando sobre o que se tinha passado, tentando ver soluções, lugares. Achei ao longe uma caverna-gruta, em frente ao mar, saca.

atravessar uma praia no sol quente, depois de um naufrágio, com pedras e pés descalços, cansados de tanta quasi-mortem, oxe, pois vou lhe dizer, no meu cabo verde dream's eu tava tão feliz de tá numa praia, com amigos (Bianca é a que mais aparece) e andando a caminho daquilo que te assegura, pareceu outro sonho que tive - tenso pra caralho, mas tão bom, tão seguro de sua liberdade, chegava numa praia com milhares de baleias encalhadas, pequenas e grandes, perto e longe, cena de filme corrido, eu e alguns amigos correndo em direção ao mar, colocando panos pra afastar, e rindo chorando quando as pequetitas baleias saiam contentes e livres... algumas morreram, mas não em vão - 


a felicidade que é livre. (palavras tortas, tão bestas, mas tão abestadas, que o sentido delas quando é vivido, parece até torto, lombra, a sensação do deserto chapado em mim... quando chegamos a gruta-caverna diz ai, pense na viagem, tinha umas piscinas que o formato delas dava direitinho numa cama gigante, como se fosse um cinema e a tela fosse o mar, deitamos, fechei os olhos, mas não queria o escuro, abri-a teimosa e o mar entrava.


tento lembrar o resto, algo a ver com a avó neuza. 
o fato é ...

domingo, 23 de setembro de 2012

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Pu(ver)dade



    Andava por entre sobressaltos de alegria e confiança no mundo. Precisei de muitos murros em pontas de faca, muitos socos levados na expectativa, as crenças desabam. Me vi no escuro, andando sozinha, sem rumo, alias com o único rumo que nos leva e guarda. Andar é tal como escrever. Eu crente, ingenuamente confiava no código linguagem e aos poucos e barrancos percebi que muito é emoção.
   Sabe se lá porque,

   Sabe se lá porque, estamos aqui vivendo, engolindo uns aos outros, forçosamente convivendo com patrões, crente que são nossos amigos...

perde-se o saber de quem são nossos amigos e eu não tenho emprego.

estou a deriva, sem ter pra crer, me segurando em projetos que não tem valor.

me abrir pra que, me abrir pra crer?

hoje sonhei que ia a praia chamada paraty e tinha vários tipos de baleias, encalhadas, de vários tipos, e eu e mais uma galera ajudávamos, no final sim era um happy end, elas saiam nadando, livres...

Sabe se lá porque,
estamos aqui, escrevendo tolices, pra suportar a hierarquia, a humilhação de não ser escutado, afetado, a humilhação de não ter...

quinta-feira, 19 de julho de 2012

oaxaca!


Amigos,
           Tags: convocatória, pedido, amigo
           De antemão adianto que convoco para pedir uma ajuda, que me vai ser surrealmente feliz. Conhecer terra de Frida e Buñuel surreal filmou. Preciso de uns dólares para fazer uma residência em Oaxaca, ministrada pelo Pocha Nostra. 
              Mesmo quem não possa me ajudar com $, abro convocatória pra quem quiser me mandar seu disco, sua obra, que te importa no coração, para espalhar pelo país México.
             Preciso de doações, ou se for o caso, quem possa me emprestar um espaço para fazer uma festa e lá um bingo com cervejas baratas. Um mutirão de ajuda. 
               De fato, assumo aqui: acredito na ajuda, porque sei que tem retorno (pode ser energético, espiritual, num importa).
              Música, cinema, obra, drama, tudo pode ser espalhado ao vivo. Vou tá numa das cidades mais quentes e fervilhantes e em pleno verão.
              A proposta é essa.
              E claro, vou fazer uma festa quando retornar pra comemorar, porque o pocha nostra é foda!

opao.blogspot.com
http://www.pochanostra.com/

quem quiser me mandar sua obra, pode mandar pelo correio para o endereço rua ubaldino do amaral 41, apt 908, centro cep 20.231-016 rio de janeiro
ou para raisa.anniehall@gmail.com

deixo aqui o pay pal – serviço de envio de dinheiro pela internet – do Pocha Nostra: pocha@pochanostra.com. Tem que ter login, mas qualquer dúvida to aqui. preciso de 425 dólares...
             a conta é 2793-6 e a agência é 54.922-3, o nome é raisa inocencio f. lima e é banco do brasil.


e tem trilha sonora, pra esquentar os tambores.

domingo, 1 de julho de 2012


Contexto, performance, cotidiano e amigos
                                                                                       Ou toque, retoque, abra.
Acendo um beck, enquanto escuto Tarrega, dou poucas tragadas até começar a escrever esta carta, uma carta de muitas cartas, trocando uma carta por pessoa, uma pessoa de muitas pessoas sou eu. Números não servem para visualizar a imensidão do homem e o quanto somos impelidos a esquecer, esquecer e negar. Negociar. Proponho um ociar, uma batida de porta, um soco quem sabe?
Por que escrevo? Por que me dou ao trabalho de pensar o dia inteiro sobre o que me comove a escrever o que vou escrever agora? Posso (olha o poder se manifestando...) posso dizer que mãe filosofa e franciscana (dois conhecimentos que no que tangem ao homem, acreditando tecnicamente num Todo, de um lado um universalismo escroto que diz somos um e de outro uma crença afetiva muito forte na alteridade, num amor por todos, filo – amor, sofia – sabedoria) me fazem no mínimo pensar nisso.
Esta carta, por outro lado, é para vocês: raphi, sara e filipe. São imagens os cotidianos que nos levam a dividir nossas realidades, não é? Ora, sou aluna, ora sou amiga, ora sou aquela que tenta ao menos desorientar esses sentidos tão seguros, assim responsáveis por essa sociedade cada vez mais preocupada no próprio cu. E a miséria afetiva e o esquecimento social se dão assim. Falar do cotidiano é assegurar a balança dos afetos e comer, digerir e sentir a boa liberdade de chorar ouvindo recuerdos de alhambra. Sem ficar triste.
Fico cansada, porque são tantas coisas a serem discutidas, debatidas, institucionalização feroz da arte que grita e reclama uma amiga de anos por causa de um celular? Claro, sem falar que se sabe que o celular era de um telefonema de um amigo em pleno surto. Então não assistisse a performance, de fato, mas o que me foi ver o Ron – que segundo soube já fez performance em viaduto, metrô, com toda abertura para o barulho externo – mesmo assim Sergio porto e eu temos uma relação controversa de silêncio e aproximação do publico através do som (já que o toque é proibido), então meu amigo sua performance não é performance, é espetáculo, sendo assim a diferença entre você e a novela das oito é a quantidade de palmas, é a burocratização da arte, o enchimento do saco através do retoque, retoque a moça para não atender mais telefonemas em performances, vai tomar no cu sabe. Sem falar quê. Sem falar quê Penalva is my friend too. Ver sangue neon gritando por toque pensando “penalva is dying”, a carne sendo perfurada e a morte me aproximando, e o sangue escorrendo mesmo que eu não pudesse pegar, claro, não pode tocar o artista, ele é sagrado! E era justo isso que eu queria dizer pra ele naquele momento lá fora, Sergio porto. Sacralizando um comportamento, um sistema, e ainda ouço maliciosamente por uns que eu guardo troféus, que idolatrio romanticamente os meus autores vivos... quando digo que todos nós somos sagrados, riem, e sinto gosto de fazer as pessoas rirem, rituais risos e conceitos testados. Testing! Testing! Testing! Somos todos bobos da corte, médicos da alma, filósofos inaceitos, pochanotristas somos todos bobos da corte. Mas só quem possui o poder do riso pra ser séria como estou e sentir esse cansaço, dancemos um flamenco, meio brega, mas eu curto.
Performance na sua construção implica conceitualmente os cotidianos que cada artista diz viver. Perfurar o corpo, tomar banho de vinho, tomar água, são todos os gestos que repetimos de algumas maneiras no chato cotidiano.
No íntimo sincero...  Conte-me mais sobre o que você acha da performance?Diga-me com todas as palavras de monografias, dias, suores, sobre o que você vive da performance? Com quantas pessoas você já conversou sobre o seu trabalho?
Ditas palavras com ar de sentido – cartografias não se esqueça, alguns lêem felizes e sorridentes com o próprio cansaço, outros esquecem (titio Heidegger sabe muito bem sobre os esquecidos), viver-no-mundo não é fácil, Darling. Espero que me acolham e me perdoem por todo o infortuito parto de letras e sentidos desorientantes, esquizos, confusos e carnívoros num complexo sistema de aceitação.
Mas prefiro ficar boba e escrever. Escrever pra quem curte ler e viver a leitura, escutar a leitura, criar outras leituras, soltar, comer, cheirar o meu cheiro através das linhas e pontos...
Todos nós somos sagrados
Do amigo rebecchi
da profanação a todos nós somos sagrados

1. Quem profana amigo é.
2. Quem profana os males espanta.
3. Quem profana acha.
4. A profanação nunca é plena, se a alma é pequena.
5. Quem não profana, não petisca.
6. É profanando que se aprende.
7. O Cramunho ajuda quem cedo profana.
8. Vivendo e profanando...
9. Quem ama profana.
10. Profanar é preciso; viver não é preciso.
11. Profanar já é metade de toda ação.
12. O pavão de hoje é o espanador/profanador de amanhã.
13. Antes profano do que nunca.
14. Olho por olho; tridente por tridente

• Nada mal, nada prudente. Nada bom, sempre prudente





sábado, 26 de maio de 2012

e-mails


vc ficou sabendo do calendario trans que rolou no ceará?


me lembrou o trabalho deles.
 A princípio achei os sites no geral muito imagéticos e interessantes, me gusta cultura, pero há uma linha tênue entre trabalhos que nós vemos pornografia e sentido e pornografia e coisa (ou objeto de desejo coisificado, por assim dizer). Digamos que a essência do nu esteja justamente em provocar um comixão corporal nas pessoas, um comixão animalesco onde os movimentos, os gestos - ou mesmo os nossos devires cotidianos - se revelam, se desvelam e se deixam sorver por um status ontológico e porque ontológico? justo por nós buscarmos a essência dessa louca existência, dentro da máscara dionisíaca existe um pouso seguro chamada ontologia. Explico.
 Primeiro, como é a pornografia convencional - ou seja, esteriotipante para o hetero, masculino e macho, que chega a ser violento - daí sua vista começa a ser esteriotipada tb, seu modo de ser, comportamento, convencionado em papéis em cada instância de poder e desejo, personas que admitimos no trabalho, na casa, no discurso público e privado e em frente ao computador (não digo nem cama, digo masturbação). Acaba que quem tenta travar outros pontos de vista para a mesma imagem, sendo criando ou re-postando, pode acabar caindo na mesma interpretação e sentimento sobre a imagem que o Macho tem ao ver zorra total e suas mulheres de toalha. Outro ponto é como essa ruptura - meu chute é que ocorre às vezes e essencialmente com os homens e por isso q é um processo violento - é estuprante, um processo que se pensa que para se chegar a libertação sexual tem de se passar por uma transgressão criminosa e culpada. Acho que já saímos dessa história de culpa e crime, ne? Mas entendo que é um processo doloroso sair do esteriótipo de machão e pensar a sensualidade numa instância PARA ALÉM DO SEXO, pensar uma ontologia.
 Segundo antes da ontologia. Precisamos visualizar como uma imagem pode ser pornográfica e carinhosa ao mesmo tempo. Por que não se fala de afeto com imagem? É muita ingenuidade minha acreditar em sacanagem amorosa? Parece que pornografia é uma instância onde deixamos de lado a nossa pose de mamãe-cuido-de-tudo pra se tornar a quenga vadia. Ou seja, nós mulheres também somos estereotipadas o tempo todo. E seja em freud ou no sertão, o homem não consegue visualizar sua própria mãe na cama. Ou o que a mãe representa, enquanto entidade de carinho, afeto, paciência, amor.
        Recalque, timidez, embrutecimento, são só afetos consequentes dessa cegueira sensual, abrir a vista para entender o sexo não somente como processo pinto-buceta, mas olhar e cheirar, pensar, investigar, faz com que o homem quando leve um fora ou quando a mulher só quer ser amiga fique de boa, porque se goza também conversando e bebendo à vida. Digo isto porque já tem um tempo que me deito com homens e mulheres e também com Bataille, (o mestre teórico do erotismo) vemos que tudo é questão de aceitar a mãe gemer e que podemos pensar nossas emoções numa instancia comum, em casa, tipo to sofrendo de amor, to. E ai?
  Pois bem, tive eu umas três gerações de mulheres que me ensinaram que homem e mulher a gente lida com amor e riso, mas não é piada, é modus de ascutar a vida.

 Que sexo e parto são os grandes traumas do Homem, com H maiúsculo, aquele dotado de razão e pau duro, nós já sabemos, como é que eu sai daí? Mamãe, me explica, por que vc é tão linda? E aí o macho cresce sabendo que tem que trabalhar em alguma coisa, ter prazer em outra, morar numa casa, tomar banho, etc, várias normatividades, por assim dizer, uma rotina, um cronograma e até a bebedeira dionisíaca tem data: fevereiro. “A vida é curta, mas o dia é longo”, já diria o poeta. E, por isso, a ontologia.

  Onto – logia. Sejamos sinceros, é sabido que estudamos e somos sérios, mas num dá vontade de rir? Nós aqui, trabalhando pra pensar um estatuto que sirva de base para as nossas crenças e afetos? Aonde quero chegar é que mesmo que descreva e vou tentar descrever, é que o movimento de saída do estereótipo machão para um criador, libertário e libertino envolve uma criação, o salto nietzschiano, a angústia heideggeriana, a putaria, envolve experiências no-mundo, arriscado como é, quente como é e se permitir a perdoar quem tentar te violentar, te estuprar com o estereótipo machão. “O medo leva ao ódio, o ódio ao sofrimento”, episódio um do Star Wars. Portanto, a ontologia que pratico e não sei descrever, vê na amizade e na sinceridade um up para uma “ética”, do jeito que vc quiser denominar, algo como o nosso modo-de-ser brasileira. Tô falando de Xica da Silva, Tieta do Agreste, Dona Sebastiana, etc.

 Spinoza é um rapaz bem interessante, me ajudou bastante nessa deriva [atravessia, a (negação) + travessia (ação de ir de um canto a outro, continente e rio), porque a nossa travessia não é linear, é multi, é uma rede com personas de todos os tipos, em todos os estados, online no seu facebook, prefiro skype.] Spinoza é um tecnomago de primeira. Ensina-nos que o homem é dotado de um saber que ajuda ele atravessar essa deriva, mas que esse saber (techné), num é imperial dentro de outro império, é afetivo porra! Ou seja, admitamos logo a existência de uma opinião corporal, que se dá no dialogo, na técnica, de maneira que quando ocorre sua transcendência nós pensamos logo em magia, porque é mágico. Explicar em poucas frases é difícil, tentarei fazer uma fórmula:

(afetos ativo e passivo + Pasolini).(deserto e salto nietzschiano) + dança = ?

Para ser bem firme: nosso corpo manifesta o inconsciente mesmo quando a gente tá acordado, trabalhando, trepando, comendo, cagando. E lidar com esse inconsciente, esse vazio, esse buraco, muitas milhões de vezes levam as pessoas a tomarem remédios. O gozo na doença, o ciúmes, posse, objeto de desejo coisificado.

Desde pequeno aprende a ser tratado como um objeto que vai se mover de um canto a outro, da cama pra escola, da escola pra universidade, da universidade para o escritório. Seja homem ou mulher, aquele produto consumidor triste. Aí depois de anos de tratamento coisificador, a pessoa se torna uma besta. Engraçado, que os antigos usavam o termo bestiale para se tratar de pessoas loucas e desvairadas e sexuais. Pois bem, utilizo agora para tratar das “people-born-to-office”. Acostumadas a ver televisão, transar uma vez por mês, comer porcaria, comprar tudo no natal, porque é natal. E até mesmo os fortes e bonitos, que comem as modelos, as vezes se pegam nesse buraco, big bang!, e mesmo comendo a gatinha de quatro, como se fosse um boneco Ken Vietnã o cara não goza. Foda ne?

Já conheci muita gente que vive esse modus de vida. Trato com carinho e apenas receito Spinoza, mesmo sabendo que as pessoas sugam cultura e não vive ela. Comem como glutões endinheirados, mas não conseguem criar mundos fantásticos reais! A palavra se tornou uma propaganda. De troca e oferta de poder nas já ditas várias instancias de poder e desejo, como trabalho, casa, internet... E, digamos, que se eu me oferecesse toda, para além de ficar nua numa imagem e se dissesse que além de me exibir, eu amo e passo amor? Que a postura pública admitida é contra a violência e aberta ingenuamente à conversa aos violentos. Sobre o cotidiano e etc... E afunilando na postura privada e de quem faz pornografia – nos casos pós-porno na espanha e no brasil, vide  texto pós-porno da Fabi Borges  – para criar novos prazeres, des-hierarquizar os poderes, tornar os prazeres libertários para chegar em sua instancia política-cotidiana. Para que possamos não ser chamados de hipócritas (senso comum brasileiro) e que nossas novelas se libertem da muié que qué o macho e num consegue, a mocinha fica com o mocinho. Só que o mocinho na vida real ainda vai pro puteiro.

Vide: Pasolini tem um filme chamado Comizi d’Amore, onde investiga na Itália o que as pessoas pensam sobre sexualidade.

Tentei explicar durante o texto, como um desdobramento do primeiro parágrafo, onde eu apontava no risco das imagens serem estereotipadas pelo machão e como podemos fazer uma pornografia que rompa e abra novos veres, sorveres, desbravares, usando o discurso do amor, aceitando que a mãe trepa, tornando o dialogo mais leve e cotidiano.