quarta-feira, 9 de janeiro de 2013


     RESENHA do livro
               DIDÁTICA E DOCÊNCIA Aprendendo a profissão.

Trilha Sonora:




Professora Graça
Aluna: Raísa

    O texto disserta sobre o processo de humanização, constantemente atualizado, que o professor sofre. Renovação esta que constrói a identidade do professor seja no diálogo que ele trava com o aluno seja na própria constituição de “ser” do professor. Na filosofia essa questão é denominada uma questão ontológica, ou seja, se trata da pesquisa acerca da essência do professor.
   Ou como no texto aparece “modo de ser e estar” na profissão. Tal modo se mostra mais potente quando o professor coloca na sala o seu ser tal como um espelho do que ele é na vida. Seus dilemas, esperanças, sentimentos que são subjetivos e abstratos, pouco trabalhados muitas vezes. Serão também demonstrados em sala como prova da intimidade e amizade criados em decorrência do tempo que se vive junto.
   O professor, portanto, deve combater com seus colegas um sentimento bastante difundido na sociedade brasileira: a hipocrisia. Não só com problemas de caráter e hierarquia social como também com questões que surgem de teor delicado e complexo, muitas vezes o professor assumindo um papel de pai, mãe e psicólogo. Caminho este de orientação para formação dos alunos.
  O texto, apesar de sua estrutura que é alvo de crítica e discussão por seu estilo hermético e distante da realidade, o que dificulta a apreensão teórica e assimilação com uma realidade afetiva – Suely Rolnik chama este campo de cartografia sentimental – apesar da burrocracia acadêmica o texto expõe a necessidade de o professor explorar suas vivências e admitir os problemas que cercam suas aulas. Segue a citação, Paulo Freire (2000), p. 10:
   “É preciso ousar para ficar ou permanecer ensinando por longo tempo nas condições que conhecemos, mal pagos, desrespeitados e resistindo ao risco de cair vencidos pelo cinismo. É preciso ousar, aprender a ousar, para dizer não à burocratização da mente a que nos expomos diariamente. É preciso ousar para continuar quando às vezes se pode deixar de fazê-lo, com vantagens materiais”.
  Dentre diversos fatores, o texto destaca três elementos na construção da identidade do professor: a biografia, as relações profissionais (experiencia) e o significado singular que cada professor atribui além da profissão, sua vida, anseios e angústias.
  Acerca do primeiro aspecto, a biografia, ressalta-se a importancia de relembrar os tempos de escola. Onde traços de carater como a valorização da vida, o respeito ao outro e toda a diversão espontanea da infancia – a liberdade que a criança tem de naturalizar o que o adulto moraliza e divertir-se sem vergonha – são “memorizados” por crianças e na difícil transição para a adolescencia são encarados às vezes violentamente às vezes ainda envolto a sonhos e perspectivas de caminhos amorosos com a vida. Cabe ao professor na hora de divagar sobre a propria formação de carater saber mostrar os dilemas e as cerejas do bolo.
  A sua “bagagem social” faz com que junto a lembranças pontos de aproximação surjam.
  O texto então toma como exemplo uma pesquisa realizada com professores cearenses. Não sei de quando se refere as estatísticas, porem devo esclarecer que hoje, depois de políticas culturais atuantes na prefeitura da Luizianne, a oferta de possibilidades culturais aumentou e é de acesso não só para professores como também para alunos. De exemplo a construção recente da Caixa Cultural, Centro Cultural Banco do Nordeste e o precursor o Centro Cultural Dragão do Mar.
  Outra crítica: o fato de um professor não ir ao teatro ou possuir caracteristicas culturais ocidentais não faz dele um professor ruim. Primeiro que a escola é só um reflexo de uma manipulação muito bem conhecida, seja pela mídia ou pelo voto de cabresto que não quer que a cultura de “elite” seja distribuida e muito menos suas oportunidades revolucionárias.  
   Segundo que, coincidentemente, sou cearense e minha mãe é professora e por mais que ela não goste de museus ou cinema europeu, o seu ensinamento de vida é muito mais importante e ético e singularmente brasileiro. O brasileiro que possui um modo de ver e sentir o mundo integrado a natureza, tal como Guimaraes Rosa descrevia em seus livros. E, sendo um exemplo para ilustrar minha propria biografia importante ressaltar que tive uma mãe com muitos filhos.
  O segundo elemento é a formação. Suas relações profissionais junto com a contextualização política e social do professor são dados como importantes na formação. Para tanto é necessário inserir-se no coletivo e desenvolver uma maturidade ética, cultural e, eu diria, afetiva. Maturidade que quando atingida possui liberdade para criar novas referencias e, consequentemente, no seu comportamento e modo de agir.
  O terceiro é a prática pedagogica. A escola é uma miniatura de como a roda da sociedade gira. O contexto social e historico se desenrola e o professor é o comunicador dos acontecimentos. A escola, portanto, possui na sua essencia um “patrimonio simbolico”. Assim o texto assinala que para pensar o professor é também necessario pensar a rotina escolar, tendo a compreensão escolar como fundamento para formação. Pensar a rotina escolar é também pensar suas proprias crenças que fazem parte da ação do que a autora chama “ator educacional”, ou seja, estar aberto a mudanças e tal como um aprendiz que faz e refaz seu ensinamento.
   O texto conclui seu segundo capitulo, comentando acerca dos saberes especializados. Cita o estudo atual de autores como Saviani e Gauthier. Apresenta algumas caracteristicas de cada autor, ressaltando que o intuito é a analise da formação da identidade do professor e de sua ação didática.
Bibliografia
Bottos, Juliana. A influência da mídia na desvalorização do professor da escola pública brasileira. Eduem, 2011. São Luís.