sábado, 27 de setembro de 2014

odisseia sobre ocupação do espaço público

confissão dos caminhos - odisseia até PE

personagens para um romance não escrito - discurso de entendimento de nós mesmos. chorar é bom e depois de chorar escrever, cartas, mensagens, separar o sujeito do verbo, entender o seu desejo com a da realidade do mundo.

fala do coletivo como uma ficção, mitologia, ontologia política: que coletivos são esses: os moradores de rua, os índios urbanos, as caça-gringos, os emocionais, os caóticos, os coxinhas (esses são os mais populares, evidente)

personas para nos libertarmos do cheque mate real:

índios urbanos somos nós aqueles que não querem lucro, nem saldo positivo, querem apenas, querem. desejam um mundo melhor e fazem disso um estilo de vida: alimentação natural, aspecto místico oriental, efetiva sua realidade com base no anonimato, é feliz, libertário, consome o que precisa em feiras (orgânicas e agroecológicas), faz troca-troca de livros, calçados e roupas, ou seja, efetivamente boicota o sistema, faz a parte dele, constrói seu ritmo de vida e é legitimado por sua história afetiva e pessoal, professores, artistas (do cinema, da dança, que sobrevivem de edital), pessoas de esquerda (sem ser derrotista e não tão levianamente festiva). de onde eu venho - e como o banzo chama em setembro - o ceará (primeiro estado a abolir a escravidão, maior comunidade de vegetarianos, exalto um pouco e elogio um outro tanto, não pelo ego devir cearense, mas como a dar um exemplo prática efetiva e real de uma boa vida). O seu oposto - rio de janeiro - vive de cenário, imagem idealizada de si mesmo como o que de concreto se pode ter, só a imagem e a fantasia (subjetividade egóica), por isso escolhi o rio, por seu caos e beleza exóticas, que dentro do deserto é o lugar que nasce a flor mais bela e aqui é carente de resistência, trabalho na filosofia para isso também. ambos tem coxinhas, não esqueçam. e rio de janeiro tem a natureza que me salva, a floresta de Copacabana é bairro modelo e impressionantemente democrática. vai se fuder os que acham que estamos na pior meu bem (a louca porque não paga aluguel, apesar de ser bem caro ainda continuo dizendo que é bom morar em copacabana). o mais importante: não se tomar tanto para si, doa-se aos outros que o tempo passa - aos poucos sinto a ansiedade se transformar em sabedoria, num processo lento e repetitivo como as ginásticas chinesas, todo dia é diferente.

moradores de rua: pelo direito de dormir na rua!

pelo direito de dormir na calçada, de ser índio e conviver com a natureza que meu tempo apresenta. descriminalizemos o viver diferente! aceitemos a cultura d’outro - da desgraça, da sujeira, da escolha de si ou do que o mundo te coloca - da loucura como tratamento ao preconceito, do disparate como resposta aos crentes absurdamente únicos (uma verdade, um modo de vida, um branco, uma branca prenha, uma família e propriedade privada, meu minha,) tendo o parenteses cruel que esse coxinha muitas vezes deseja a morte do outro. bárbarie é pouco meus colegas.

por um mundo mais saudável, mais afetivo, mais coerente e racional com a nossa condição de animais jogados na selva humana, deixe (deixemos polis) dormirem na rua, sem esse olhar de coitado, culpa cristã, ou whatever

o desabafo é o seguinte: 25 anos e aí vc se percebe com medo de perder "tudo", é óbvio que não caio no padrão do medo, reajo a isso pensando: por que não descriminalizar conceitualmente e socialmente o dormir na rua;

ou seja, eu quero ter o direito de morar na cidade, de não pagar aluguel, quero viver selvagem.


colocar uma placa numa praça ou calçada larga PERMITIDO DORMIR, sei lá, qualquer coisa que comprove que o “Estado” é socialmente construído segundo a base de que devemos ofertar na cidade condições de locais para dormir e receber aqueles que por destino caótico se sentem ou na pressão da realidade ou no direito de ser selvagem. é o fim do preconceito contra ao “pobre”, é entender que nem todo mundo quer dormir numa cama de plumas, que alguns até gostam de fazer um churrasquinho no aterro com os amigos, naquela floresta parisiense.

devir selvagem é real (sentença que liga o corpo e a alma, a ideia e a ação, a filosofia e a política como discursos de orientação ao humano sobre sua condição de existência)

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Je suis índio

Je suis índio


(o título é uma declaração de independência a essa vida tomada como NORMAL em que as pessoas não têm mais tempo para nada, literalmente isso, do tipo esse esquema de vida pautada no trabalho e produção coisificada de afetos e pessoas…, ou como diria no ceará: ai dentro).


Trilha sonora: Melancolie


O texto de hoje é uma defesa da preguiça (ou do não trabalho tecnocrata: dependendo de uma aprovação real-visceralista com carimbo cafcaniano). Uma defesa da não-rotina com um cotidiano, explico:


Parei de tomar anticoncepcional há uns meses, tomava fazia dez anos. As mudanças foram grosseiras e intensas… Passei por muitas situações de conflito corporal - e falar de assunto feminino sempre cai na chacota, quanto mais com prétensão filosófica - falar de tpm, depressão e outros fatores tão egocentricos por vezes…


Mas tenho uma disciplina espartana cearense e, a isso agradeço imensamente a criação de minha terra e minha família, todo dia é um dia em que acordo com a surpresa da existência e me convenço [con - vencer (vencer junto) alteridade do gozo] que a ginástica chinesa e o alongamento vão me dar o argumento necessário para ir até a feira e comprar os alimentos pra o suco verde que me convence mais ainda a gostar-gozar daquilo - que todos (os racionalistas, os tecnocratas, os erroristas e os bruxos) concordam como saudável.


Como Moebius (no Jardim de Edena) falamos de alimentação com o toque fantástico do não saber sabendo, do não fazer fazendo, do ser preguiça existindo, ser preguiça engajado, ser preguiça engajado, primeiro porque meu corpo está sangrando agora - e o real chama, raísa vá ao supermercado comprar o modis - enquanto sangro penso, penso enquanto sangro.


isso meu brasil, é a porra da questão mundo sensível e mundo inteligível. enquanto sangro é meu corpo egoísta querendo se mostrar e acarinhar tal como chokito, a sonhar com sua realização pessoal (única e singular), mas do que queremos mesmo? senão a questão da alteridade? outra burocracia para entender? mais uma para aplicar? pode juiz sonhar com o universal? - um verso?


o mundo inteligível é restrito - em geral quem tem é carregado de preconceitos, noias, vis, o mundo inteligível carrega a história, que carrega a culpa, que carrega…


por que não pensar então que uma menstruação provoca tudo isso sem cair na chacota? (meu discurso tentando fazer um rodeio)


ser preguiça engajado foi um discurso criado para falar sobre como é foda cuidar do corpo (ainda mais sangrando) sem cair na zoeira de ser zoado por ser - duas ontologias de aceitação ao coletivo: ser zoado pra ser aceito e ser livre preso ao que o corpo existe. 

ontologia da zoeira (never end) e ontologia da liberdade limitada (alimentação, cama, privada, público, superação da culpa cristã, libertação do trabalho)


ou seja, quero tratar dos temas da casa, da cama, da roupa e do banho, como também dos temas universais, de direito, de jurisprudência, de organização civil e subjetividade coletiva, Suely Rolnik.


sejamos índios para não admitir se encerrar em um território único, limpo, neutro, que possamos viver segundo nossas próprias ficções (limitados ao cuidado do corpo e do outro).

esse texto é uma resposta a ansiedade que se finda em meu corpo, impossível de não comentar em um post como é revolucionário o passar dos anos e apreensão do tempo mais calmo, mais escuta (escuta de si, cuidado de si). Encontros que se realizam nesse texto.
o fato é: viver é - dificil é uma maneira de enxergar, fácil também. Tranquilo também.


A intensidade eu demonstro à Kurosawa, numa exigência de sabedoria milenar errorista da vida.


Me dá gozo escrever um texto com pré-tensão filosófica menstrual.


(Sem fim)

domingo, 21 de setembro de 2014

Dos Caminhos Das Profissões

Confissão dos Caminhos
                 Das profissões

Enquanto caminho penso


Enquanto trabalho escrevo


Prevendo os futuros problemas medíocres me enclausuro nos fones de ouvido e MIA, a pensar o caminho de ida - e volta.


fascinant. medíocre. le dicotomie de présent (chemin de travaille)


cest comme la musique de MIA avec les armes et le afect emotive, le disparation de l'amour.





je suis sensible a le monde medíocre.


je veux te changer. changer ton regarde sur les gens medíocres (miserables pour choisir la prison de tête*)


changer le critere de gout.

Prisão de cabeça. O tempo arrasta e aí vc só esquece. Mas eu escrevo, para lembrar, chez toi.
Prisão de cabeça que Mafalda descreve muito bem: os desejos de sua amiga suzanita (claro que é uma referencia suzana vieira).


A mediocridade máxima é quando se confrenta* na realidade do trabalho servil (das profissões) é ser reduzida a um objeto de humilhação. como os escravos sofreram e não sinto um pingo de prazer em ser vitimizado, sodomizado, violentado, humilhado por mulheres e homens ignorantes, superficiais e hierárquicos. Os coxinha são foda. Conseguem tirar o gosto da comida, se autodepreciar, criar neuroses a toa, situações de desconforto e violência, pra viver um entorno de medo e dependencia: seja do que for, sempre é transformado em vício ou doença. O ocidente (conservadorismo) adora criar um clima de doença e a barreira moral com os negros (escravizados, portanto, historicamente marginalizados) é justamente nesse limite: o rapaz da moto é tanto o motoboy, o traficante, o marginal, o jovem estudante, o rapaz da periferia e o burguês, o rapaz da moto tenta arrancar o celular da gringa com cara de Janis Joplin. Luta de classe. Aí chega um coxinha e fica como, tem que matar! A selva humana começa nessa disputa material medíocre, onde até o requeijão vale o preço do supermercado e você fica todo empolgado, hoje o creme vai ser mais salgado.


E como eles se suportam? Porque fazem dessa humilhação piada e aceitação do bando, pra ser meu amigo tem que aceitar meu bullying. Vejo isso em exemplos que não posso nomear: as pessoas se autodepreciam como aceitação desse bullying de ser servo à "sobrevivencia necessária da vida". Já que a vida é essa merda vou me submeter pra na refeição ter aquele gozo, gasolina da vida. pois saibam sempre sonhei mesmo nos limites do inferno.


Coxinhas, descrevo-os porque tenho fome, fome de mudança, de respeito, de sentir uma gota no oceano histórico que os negros sofreram, o de ser humilhado perante sua escolha: uma hóspede me chamou de “coitada” por comer sardinha. (mal sabe ela que tem mais omega 3 o de latinha). bem, assim nessa crença continuei a comer minha simples quentinha. mas depois percebi que enquanto recepcionista era uma atribuição de condição social inferior, ela me chamou de pobre. eu franciscana olho de novo e digo não consigo nutrir esses desejos, o que me aparece no seu destino limitado do corpo eu amo, até porque a limitação é um aprendizado e eu dedico o infinito do PRAZER em sua própria palavra, em seu próprio desenho de libertação, se eu penso eu me liberto. 

se eu me liberto eu posso libertar o outro. se eu quiser (eros pela liberdade do outro), é um pouco o que um professor sente, não mais o “mestre” de um escravo, (sem hierarquia o professor ensina a porra da vida, a esse lado termino, aqui é a confissão das profissões: confissão da necessária pedagogia operária de libertação das consciencias tão alienadas em desejos globo.


E, saibam, existe sim um tipo de gente que não passa de 30 palavras em seu vocabulário, Marsuelo meu amor nu sertão sabia mesmo que não gostava de ler e deixava em mim pensamentos, intuições, coisas do caralho que Nietzsche teria chorado, seu acesso ao mundo que tanto buscamos o faz privilegiado tanto quanto aqueles que estudam, meu querido amigo que me ensinou a comer mais devagar e a saber lidar com o tempo, como quem conhece o deserto. e todos nós, com ou sem vocabulário, com ou sem retórica, caô, literatura, poesia, todos nós com ou sem verbo queremos entender e viver essa natureza, exposta, escancarada em sua manifestação, que só sabemos denominar em amor ou em pulsão, dicotomia entre o tranquilo e o instante


- em que mergulhamos.


Tpm de luta contra essas pulsões femininas (inter e exter), a tpm do corpo que deseja a pica, a tpm que se irrita, se grita, sofre, geme, (hoje eu gozei mais fácil, é verdade), ele se masturbou e o vi gozar, pensei eros me dá humor pros problemas medíocres, hehe.


tpm das mulheres loucas que aparecem com seus problemas de perder mala e deixar tudo no aeroporto, aturdida. Sol, não é nome para orientação.

Tpm das mulheres loucas que não se aguentam e ficam escutando MIA e divagando...

sábado, 20 de setembro de 2014

opao francês


Confissão dos caminhos / das profissões

Rua Barata Ribeiro - Rua Toneleiro

A caminho do Hostel eu penso

E durante trabalho escrevo 


Saio de casa por volta das 15:30, depois do alongamento, comer e fumar, sentir vontade de não ir, agraciar a chokito em mais um instante de eternidade felina, depois ir com um fone de ouvido que me irrita, sem grana e sem paciencia para comprar um melhor.

Um pouco depois chego na estação cardeal arco verde onde começa a caminhada sinestésica: escutando um som vou divagando das coisas que tenho que resolver, dos delirios solitários em programas de televisão imaginários onde respondo a toda nação coxinha com um grito coerente e sensato de voz.

chega o momento em que agradeço essa existencia e conseguir passar por aquilo que considero uma irritação - ou um impasse - me refugio (me gentrifico) em copacabana a sonhar por aquele encontro de amor com amor. el horror de vivir seguiendo como diz Borges em seu poema el almenazado. ai paro, respiro e escrevo um pouco mais: o nosso pão de cada dia, que nos faz levantar da cama, saciar o estômago e dar gás a uma predisposição de resolver os impasses políticos - a distância, os skypes curtos a ânsia de encontrá-lo tudo isso faz com que eu pense no pão francês e as palavras vão tirando o sentido daquele pensar que é quase um mito, uma canção, uma reza para que eu continue sorrindo com a tranquila chinesa que há em mim. chega o momento que admito que o eu precisa do outro pra não temer a si mesmo, pra não se perder dentro de seu mundo individual de desejos e de desejos de construção solitária, de como o mundo é quando é nossa criação de gostosuras, o que mais te agrada? sabemos que a profissão é um casamento que se escolhe por amor ou por dinheiro, sabemos que o amor as vezes se escolhe por mundo que se assemelha ou por amor que mesmo distante é um amor que não encontraremos no mesmo solo, na mesma padaria.
acaso me enxergue como uma romântica, saiba que não é disso que estou falando: o amor é para além de dois.o amor é um universo, uma realidade, uma cartografia, um conjunto de libações que dão significado a existencia, são listas teóricas e técnicas de como nos agradamos segundo a segundo, de como nos ocupamos em pensamentos egoístas daquele segredo especial da culinária de dar um fervo frevo, daquele suor de recife carnavalesco. antropofagia piratesca, chame de xamã ou de vampira, aqui o amor é comida. não me coisifique em seu imaginário sem magia.

a essa altura já imaginei mil vezes infinitas o beijo do meu pão francês e de novo o meu não é possessivo, é singular, é aquele.

chego na siqueira campos, a cena se repete relaxo os passos apressados, repenso o cronograma de trabalho, as outras técnicas, os outros afazeres acadêmicos, da vida, da ginástica, do alongamento, depois relaxo, sonho com o beijo dele no inverno europeu, beijo, beijo, beijo, a essa altura enquanto atravesso o verde florestal de copacabana, vejo o cristo e rezo em rock'n'roll que essa caminhada não termine num atropelamento (meus medos).

atravesso a grande arvore onde em geral sempre tem um trabalho.

e como um olhar de cinema, mais uma vez como quase todo dia, olho para o mural de direitos humanos, as imagens que me lembram e lembram uma história - e hoje pensando no pão francês, vi aquela palavra que tanto imaginário desperta: Paris.

escrita das profissões: escuta do ordinário, do medíocre, do feminino, das multiplas vozes tecnicas da vida, da mulher com cara de cigana cheia de fricote que me irrita por desejar em mim a solução dos seus problemas malandrescos, aprendo que é com ela que devo desejar mais carinho, sendo assim uma espécie de trabalhador-amigo.

atravesso mais uma rua que me lembra verde, olho os singulares que se diferenciam com o passar dos dias, mais uma vez respiro - a melhor das fases é o agora, mas ainda quero mudar mais, mudar mais, ainda me descontento. (e se eu enumerasse os porquês do descontento veriam que não passa de outras realidades ordinárias, que mesmo o afeto público não pode empreender, não se pode criar politicas sociais de diminuição da carência, ou melhor, não se pode criar bolsa-carinho) este afeto público do qual tanto reclamo estar carente é de um lugar coletivo onde se possa ser livre sem a estupidez humana - rio com nietzsche sobre essas impossibilidades teóricas que nascem de tanto solitarizar-se, desço da montanha com zaratustra.


sim, estou carente de um pão francês e descubro no amor um jeito de caminhar todo dia a mesma rotina - que me irrita por conviver e confrentar  com a mediocridade humana-existencial: o fazer, o repetir, o esperar o tempo passar para sair do enclausuramento de escritório. escrevo.




segunda-feira, 15 de setembro de 2014

fase popularesca: poemas educativos

a internet permitiu que a gente voltasse pra escrita falada

a internet permitiu que o brasil não fizesse cagada (sqn)

a internet permitiu a barbarie virtualizada (subjetivo-pronto)

a internet permitiu o meu ascetismo de bruxa caça solta-fantasma (fabi)

a internet permitiu isso mesmo: amigos a distancia, que me veem, me escutam, me tocam, me cheiram, me amam, a internet permitiu o amor, o amor em tempos de ...

que não seja a mesma a me dizer em si tantos impróprerios sem imagens sem imagens sem imagens - não quero imagens óbvias

não quero imagens óbvias

quero erro

quero glória

ps: (do erro, pra além do bem e do mal)

domingo, 7 de setembro de 2014

Carta visível a Fabi Borges



São várias as razões para te escrever nesse momento 2014:


A primeira é de que vc tá longe, piruando pelos mares, latino-america, e em saudade nós sabemos lidar com cartas e escritas de volta, de retorno, de saudade, saudade do que queremos também para o nosso mundo. sim.


Esses dias li num livro esboço de uma teoria da magia de Marcel Mauss que conta sobre o que verdadeiramente quer um feiticeiro, ora, o que ele quer é controlar a realidade.


e o que é controlar a realidade? senão o tempo, os desejos, os sonhos, as vésperas, os amanhãs, quer controlar o sonho, a comunicação com os animais, com o que é vivo, o que mata, o que sacrifica, ele quer entrar em contato e produzir sua própria subjetividade.


pois bem, não me prolongo nisso porque sei q tu saca, a magia é pro coletivo, mas é essencial que o feiticeiro lide consigo mesmo e sua alteridade (que implica identidade e diferença, erro, ética, falha, memoria e esquecimento), que quem produz a sua própria realidade tenha noção da dimensão política de suas ações.


a catarse que mais conheço (re) conheço é através da dança e/ou do sexo. o ritual de conexão com o mistério e o cosmos é dado nos hábitos in explicáveis, tão necessários como comer, dormir e se banhar (a efeito de cura, proteção ou embelezamento).


tudo isso vou desenvolver no texto pro tecnoxamanismo, mas aqui ressalto que minha rotina tem sido ritualística para não enlouquecer perante o período e contexto em que vivemos.


e para não esquecer escrevo, escrevo como quem localiza, olha isso aqui : tá rolando essa parada.


Depois que terminei com o Leo passei um tempo sem ligar e nem me importar com sexo, finalmente estava sozinha, podia testar a plenitude do só. passaram-se alguns meses e continuo sozinha (mesmo que agora por outra razão: estou apaixonada por um pirata bretão com rosto de turco,PE) e ele tá lá do outro lado do oceano atlântico.


sozinha. morando com a stella em copacabana.


não posso negar que tenho me alimentado bem, feito a ginastica chinesa e andado de patins, to bem gostosa (hehe), sou assediada, é real o quanto a imagem da gostosa tem um poder (mesmo que pra ser objeto sexual). meu ego anda experimentando esses açoites egóicos de adulamento, tudo para o gozo, não sei, um dia desses um baiano ficou me cantando enumerando porque eu era pra casar: me vestia bem, falava francês… uma coisa sem noção (essa é a noite carioca: bajulação para deitar em camas desconhecidas), disse não. mesmo na seca disse não, mesmo achando ele gostoso disse não, foi como uma explosão conseguir dizer não pra sua seca.


morena, nordestina, morando em copa, (trabalho agora num hostel e faço outros bicos pra juntar uma grana), tudo ok? se eu fosse egoísta e egolatra, sim, seria o mundo dos superficiais que só gozam de sua plenitude corporal.


não gata, eu não consigo ceder a esse assédio que dá um falso poder de dominância.


eu quero ser dómina, mas sendo (l’étant / ousia) considerada. o que é ser considerada? ser levada a sério, politicamente. nem que pra isso eu faça da política um instrumento pra me ensaiar como objeto de desejo - as vezes, em conversas politicas, me sinto mais notada pela beleza do que pela ideia que transmito, sou mesmo só um corpo belo e perecível?


admitir que a beleza pode levar ao carisma político? quem sabe não é isso? seduzir com a perenidade do tempo por um mundo mais revolucionário…


quem sabe uma gostosa pensa além da propria buceta?


é foda, vc vê os boys da praia não conhecem nem a história do futebol… é de uma estupidez… quanto mais saber o mínimo: me encarar como ser humano, não a porra de uma buceta que brilha em letreiro ELA É DE COMER.


conto de novo a historia, foi assim:


na praia pedi pra dar um dois com dois boys - um de olho verde branco e outro negro de olho castanho - ok, conversamos eu tentei criar uma conexão não rolou


tentei fazer uma conexão e simplesmente eles não conseguiram porque eu era gostosa.


daí ele pergunta: vc é hippie?


eu ri gostoso ne? 25 anos e ainda sou hippie, tá no caminho…


percebi minha perna cabeluda e entendi.


e o jeito tropicalista caetaneando etc - uma coisa presente até na zona sul - mas que aparta com todos os outros, parece que nos estrangeiramos em hippies, quando eu como qualquer outro tenho os antepassados e uma outra cultura brasileira (mas antes a primeira interpretação é de que sou hippie).


dei um tchibum na praia, quando voltei escutei dos dois: é, realmente ela é gostosa.


duas coisas: o ego ficou levantado, mas é serio que as mulheres se sujeitam toda uma rede de operações pra ficar bonita pra escutar isso? depila, pinta, corta, estica, puxa, acrescenta, se deprime, fica gorda, pra isso?


e olha q to peluda! imagina se eu quisesse mesmo me transformar em objeto sexual - até dá vontade, mas só se fosse por uma razão política.


e já tem um tempo que tenho ficado agoniada com a situação erótica, no fundo o campo mais difícil de lidar no ativismo é justamente onde a gente apaga a consciencia, onde a gente se deixa levar feito animal, é aí que vc tolera uns tipos de babaquice só pra curar a seca.


(sem falar que em um milhão de situações não fui levada a sério por ser sensual, até parece que o erotismo aliena, o que aliena é agir sem pensar, pensar sensualmente é só um jeito estético de fazer a coisa, com gozo porra).


decidi que agora quero brincar com a minha carência e que não vou me permitir me tornar objeto sexual (como tantas vezes a gente se torna por causa de uma pica gostosa, admito) porra carencia, o que vc nao faz no meu animal sedento de gala… é fato que meu coração piratesco tá bem guardado em uma ilha 10.000km distante. só que nao suporto essa pressão social que se vc quer dar vc tem que depilar. só não suporto essa seca que busca homens interessantes que saibam comer como se fossem amigos, mesmo que saibamos que no fundo só queremos putaria, não nos tratemos como objetos coisificaveis, comiveis, ou melhor, que se coma, que se coma gostoso, mas não me trate como se eu não soubesse pensar porque dou de quatro.


é aí que a gente se submete para ser igual a um tipo estético que aparentemente os homens desejam.


a perna cabeluda lembra aos homens que são machistas (quase todos) que nós somos animais, ao nos depilarmos transformamos nossas pernas em instrumentos de uma estetica moralizante, que diz que somos seres criados para controlar nossos impulsos, da mesma maneira que tiramos o pêlo, tiramos o devir de ser animal.


e ainda nos colocam sob uma situação de constrangimento, por ser um “assunto íntimo”, do cotidiano, que não tem validade em termos conceituais por ser tão pequeno e “essencial” da civilização humana : artificializarmos nossos hábitos em morais e costumes predominantes (aquele do branco ocidental limpo e neutro, ou, “falso democrata”)


nem comento sobre a hipocrisia porque as vezes nem é isso que vejo, as vezes é mais medo de chegar em territorios inexplorados, medo que domina…


por isso chego ao momento da divagação em que (desejo) e concluo que as mulheres acabam se esforçando mais em politica, em sociedade, é tanto maternalismo (com o ismo de doença) que os homens se tornam umas crianças criadas pra entreter a grande mãe Brasil. sejamos mãe, mas criemos nossos filhos pro mundo, pra não sermos mais crianças, a infantilidade da mídia toma até os ativistas, cadê a tal revolução sexual?,


o que quero dizer é: o futuro cultural do brasil é feminino, isso é explícito quando vemos duas mulheres disputando o segundo turno. é explicíto quando se você vê a imensa maioria de mulheres que graças ao bolsa família sustentaram seus filhos sem o paternalismo machistas e escroto.


ok? o que temos de fazer é tornar esse afeto inteligente e independente do drama, da manipulação, da dissimulação midiática, libertar o afeto pra criar uma maturidade cultural no brasil.


ainda bem que não preciso de pica pra pensar - já foi-se o tempo que eu tinha crises criativas pela falta do sexo, hahahahahaha


sejamos nós essas mulheres que vão reformar politicamente essa porra desse país, (minha megalomania grita), UMA NAÇÃO feminina, uma nova proposta pra civilização humana como mulher (aqui é um atributo que todos nós podemos acolher)


que atributo é esse?


a escolha pelo afeto do agradável, a escolha da dona de casa, a escolha da bicha que se prostitui na esquina, a escolha do marginalizado, a escolha daquele que não é submetido a uma hierarquia de “função” e sim de “afeto”, ou diga-se, com nossa poderosissima afrodite suely rolnik criarmos uma civilização brasileira pautada no afeto e na subjetividade, na atenção e na hospitalidade estrangeiresca do brasileiro. nos libertarmos da tecnocracia que a tudo transforma em objeto e em um preço, para uma civilização que quer viver bem e livre.


oxe, é isso que mais sonho viver bem e livre. o que uma depilação não nos leva em finalizações de carta.


em pleno 2014 ainda temos que conviver com essas questões dadas em pólos - dicotomias, dialéticas, os homens acostumados a encarar sempre como perdedor e vencedor, mais forte e mais fraco, diferente e igual -


decidi que não vou mais trepar com fulanos, me submetendo as vezes a jogos pejorativos, que vou fechar pra balanço. raísa se aventura a se fechar pra balanço pra ver como aguentará essa seca animalesca sem gala, porque as picas que tenho visto são das mais burras e desinteressantes… quando me sinto coisificada pelo outro, já o chamo de burro, porque não sabe o que perde, o meu boquete é muito melhor no guri concretamente político.


neste dia da independencia eu declaro, fecho pra balanço, não trepo assim não, (se eu fosse solteira provavelmente eu me submeteria essa depilação, acreditando mesmo nao estar fazendo tanto), quero que o sexo seja politico, libertário, a vera, e não essa consumação ansiosa de gozo - admito ter esse animal que só comer e se saciar, quem sabe é assim que os deuses se manifestam, sendo animais deixando-se lamber pelo gozo, nós os vivos tornamos os deuses presentes quando nos deixamos levar por essa intuição prazerosa do se perder por aí... - hoje com o  controle desse corpo tigresa não temo, digo não! foda-se a secura, não me submeterei a esses machos...




as dúvidas que restam: o que fazer com essa seca? o que fazer com os machos que nos submetemos pra matar a seca e sabemos ser nesse momento transformações de objeto de desejo, como sair desse objeto de desejo? como ser (ser considerada é um termo pra uma ontologia política, como ser considerado)...


fazemos como a peça grega, uma neo greve dos sexos?
me transformo em voyeur, em skype erótico, em…


ao menos eu admito que prefiro ficar na seca, do que mal-humorada sendo chamada de mal comida.


hahahahahahahahahahaha


no final das contas a praia tava uma delícia e lembrei das nossas saídas.








beijos

raisa