quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Off diário especial Banhos




A performance Banhos (tal como foi na Maumau) : com uma bacia de alumínio com glitter, hortelã, ervas dos Pataxó para banho e defumação, perfume, 
conchas do mar, um pouco de cerveja e, 
principalmente, estímulo sonoro com a Kupalua e eu mesma. Pode parecer besta, 
mas eu rezo pela desmilitarização da PM e invoco a 
minha tag de pixação “Viva o grelo duro”.


à parte a isso rolou um bate papo com a Karolina Kalor, Carol Marim e Libra Lux, sob cuidado da Lia Leticia, entre outras “crias” delà, 
um prazer em conhecer Iagor, Caetano e Iana.


Foi foda para caralho, no final do banho jogo na buceta e dou uma leve masturbadinha


Talvez em um outro dia não fosse escrito assim, mas estas épocas pedem coragem e firmeza, é necessária coerência 
para sair da irracionalidade provocada por quem quer tomar o poder.


Este texto é uma tentativa de falar sobre política, com todas as nuances de sensações e pensamentos, 
o quanto foi importante realizar a performance e participar desse encontro, 
tentar lembrar que nós existimos e que somos capazes de viver, porque estamos 
nesse cenário cabuloso de Bolsonaristas…  



À todos os outros da resistência, um beijo  


Mon amour, Recife


Escolhi essa cidade para me tratar do amor, mandei um inbox para Lia Leticia, da Maumau, que 
acolhendo pudéssemos organizar um encontro de fala e performance.


à parte o real, concreto, delimitado em roteiro e cena de ações, que ocorreu tudo muito bem, 
existe uma gama ou uma constelação de sensações à serem ditas, 
na forma de um texto se lineariza essas sensações, espero não perdê-las, porque me são 
mais caras do que qualquer outra coisa,


de ante-mão : não é EGO Narciso; sai para lá com esse teu eurocentromachismo da consciência 
de si do homem branco e todo o resto ser o Outro.


Nós somos o Outro, Nós eu e vc.


Sendo assim, de antemão se eu falo com o primeiro pronome pessoal, é porque tenho consciência 
e coerência do que eu to falando, e da diferença que é, sem 
que um seja menos ou mais válida do que o outro, esperando que não haja em nenhum fucking 








momento deste texto alguma desconfiança de narcisismo 
ou falta da capacidade de discernimento 
entre o que é real e o que é abstrato.


Por exemplo.


Fui para Recife e estou em Recife, dois lugares diferentes, para me tratar de amor, este sentimento 
que é melhor esconder em tabu e convenciência do que enfrentá-lo ao “pé da letra”, 
saber quando é hora de dizer não, ainda que doendo à si mesma.


Por que o corpo deseja tanto algo que já machucou?


Os banhos na Maumau existem para que eu me trate das violências sofridas, é preciso que comecemos a 
assumir que o espaço público é também lugar de discussão dos afetos, 
que estamos aqui para poder plantar um modo de vida que não seja esse, onde seja normal uma mulher ser violentada.


é preciso assumir nossos traumas, assumir nossas capacidades e tomar as rédeas, se eles têm a audácia de 
defender Bolsonaro, nós também temos para criar novos mundos,
 novas possibilidades, deixem eles com a ilusão de um Globo democrático, deixem eles com a televisão!


Eles e nós em guerra.


Os banhos são terapêuticos, mas também são religiosos, a Macumba me salvou da Morte (por hora este anjinho 
que já tanto me machucou me machuca em vida e cada vez 
mais assumo que não me autosaboto, palavra escrita junta) reflita: porque o corpo insiste em se autosabotar, 
senão por uma constituição secular de um imaginário que à 
gente é criado para ser o criminoso, a política da morte ou necropolítica, 
o popular é o bandido, para que o escravo se autosabote para ser sempre escravo?


Asè minha mãe Yemanjá Afrodite pandêmia


Os banhos, tal uma repetição do cotidiano que tem que acontecer todo dia, também se torna com isso assunto político, 
tratar dessa cultura de violência e medo que 
joga com o caos e a irracionalidade para tomar o poder à força, desde a nossa maldita colonização.


Por isso e mais importante é falar da descolonização como um processo real e possível, questão de hábito


Ou como diria Teta : de criar costume.




Depois, já de folga, fui à praia com Teta, atravessamos de barco e andando de bike fomos até a praia da Véia 
(não lembro mais o nome exato) pertinho da praia do Pina… 
Fizemos topless e durante alguns momentos tivemos ali uma ação direta 
de criação de hábito, 
a mulher faz o que ela quiser com o corpo delà, óbvio que vieram uns macho bebo e escroto,
 por isso fiz a raivosa do Ceará, sem essa de diálogo, nesse caso  é preciso compreender que não se tem diálogo, 
se tem performance de reconquista do território
ainda que por um tempo delimitado, eles ainda são os donos da praia, 
ainda.


Nada aconteceu de grave, e não se esqueça eu sei o que é a violência e, por isso, sair e criar novos hábitos 
é como criar territórios de existência em que 
ao mesmo tempo realizo uma pequena mostra de justiça social e reparação histórica. 
E sim tomei um banho de mãe mar daqueles, 
feliz e contente de ta fazendo de um topless uma ação política direta, com a Teta.


Somos todos vítimas dessa guerra. Somos todos atores dessa guerra.   



No final antes de pegar o barquinho trombamos com um ator vestido como um cara do século XVII interpretando o Maurício de Nassau, rimos à beça.


Este texto é um carimbo de dias de carinho e generosidade, no meio desta distopia irresponsável da direita, 
uma resistência de Recife ao amor, e é por isso o título.


Mes amours, Recife. 

Hehe


Sai da seca gente, 

e sim além de fazer arte / política a gente também precisa s'amar.

todo fim de texto é uma pequena morte, hehe (piadinha interna francesa), eu digo inté e cheiro!

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Off diario Especial Brasil



Eu tava esperando um momento ou o momento para falar/escrever sobre essa boa/má nova.

Fui selecionada para a bolsa da Capes pro doutorado pleno na Universidade de Toulouse.

Até o silêncio e a meditação, muito Chi kun e Yoga, silêncio nos dá humildade. Barraco nos dá defesa pras inimigas - infelizmente existe, neste mundo cão.

Até que hoje sai essa nota aí da Capes sobre o fim das bolsas para geral mermão, não é só eu ou vc..

Fico rindo, olhando a casa onde passei a maior parte dos perrengues, da onde eu vim, penso em escrever para desopilar, sim, uma hora a gente sai do computador, pode deixar hahaha

Eu rio porque quem me conhece me come, eu escrevo, falo me jogo e essa bolsa da Capes é minha alforria, aos amigos pagar todas as dívidas de cerveja e aos projetos novos sonhos, publicar livro quem sabe ?

Foda-se, não existe mais vida normal pra quem não é rico, há de se fazer a democracia ... Minha querida.

Bueno, bueno e se tivesse com a bolsa em dia ? No silêncio eu ia ajudar também.

Acho que brasileiro gosta quando damos exemplo político. E no meu caso é de revolta com o que tao fazendo com o nosso país, enorme, lindo e generoso por natureza. Talvez não tivesse tantas riquezas o Rio de Janeiro não seria esse espelho do Brasil destruído pela ganância.

Minha mãe me chamou para dar aula na escola que ela trabalha, bueno bueno é assim que eu posso ajudar, um beijo em Paulo Freire.

Serenidade e foco. Desabafo e luto. Carnaval e rotina.

Poesia desembaraço, um abraço