RESENHA do livro
DIDÁTICA E DOCÊNCIA Aprendendo a
profissão.
Trilha Sonora:
Professora
Graça
Aluna:
Raísa
O texto disserta sobre o processo de
humanização, constantemente atualizado, que o professor sofre. Renovação esta
que constrói a identidade do professor seja no diálogo que ele trava com o
aluno seja na própria constituição de “ser” do professor. Na filosofia essa
questão é denominada uma questão ontológica, ou seja, se trata da pesquisa
acerca da essência do professor.
Ou como no texto aparece “modo de ser e
estar” na profissão. Tal modo se mostra mais potente quando o professor coloca
na sala o seu ser tal como um espelho do que ele é na vida. Seus dilemas,
esperanças, sentimentos que são subjetivos e abstratos, pouco trabalhados
muitas vezes. Serão também demonstrados em sala como prova da intimidade e
amizade criados em decorrência do tempo que se vive junto.
O professor, portanto, deve combater com
seus colegas um sentimento bastante difundido na sociedade brasileira: a
hipocrisia. Não só com problemas de caráter e hierarquia social como também com
questões que surgem de teor delicado e complexo, muitas vezes o professor
assumindo um papel de pai, mãe e psicólogo. Caminho este de orientação para
formação dos alunos.
O texto, apesar de sua estrutura que é alvo
de crítica e discussão por seu estilo hermético e distante da realidade, o que
dificulta a apreensão teórica e assimilação com uma realidade afetiva – Suely
Rolnik chama este campo de cartografia sentimental – apesar da burrocracia acadêmica o texto expõe a
necessidade de o professor explorar suas vivências e admitir os problemas que
cercam suas aulas. Segue a citação, Paulo Freire (2000), p. 10:
“É preciso ousar para ficar ou permanecer
ensinando por longo tempo nas condições que conhecemos, mal pagos,
desrespeitados e resistindo ao risco de cair vencidos pelo cinismo. É preciso
ousar, aprender a ousar, para dizer não à burocratização da mente a que nos
expomos diariamente. É preciso ousar para continuar quando às vezes se pode
deixar de fazê-lo, com vantagens materiais”.
Dentre
diversos fatores, o texto destaca três elementos na construção da identidade do
professor: a biografia, as relações profissionais (experiencia) e o significado
singular que cada professor atribui além da profissão, sua vida, anseios e
angústias.
Acerca do primeiro aspecto, a biografia, ressalta-se a importancia de
relembrar os tempos de escola. Onde traços de carater como a valorização da
vida, o respeito ao outro e toda a diversão espontanea da infancia – a liberdade que a criança tem de naturalizar
o que o adulto moraliza e divertir-se sem vergonha – são “memorizados” por
crianças e na difícil transição para a adolescencia são encarados às vezes
violentamente às vezes ainda envolto a sonhos e perspectivas de caminhos
amorosos com a vida. Cabe ao professor na hora de divagar sobre a propria
formação de carater saber mostrar os dilemas e as cerejas do bolo.
A sua “bagagem social” faz com que junto a lembranças pontos de
aproximação surjam.
O texto
então toma como exemplo uma pesquisa realizada com professores cearenses. Não
sei de quando se refere as estatísticas, porem devo esclarecer que hoje, depois
de políticas culturais atuantes na prefeitura da Luizianne, a oferta de
possibilidades culturais aumentou e é de acesso não só para professores como
também para alunos. De exemplo a construção recente da Caixa Cultural, Centro
Cultural Banco do Nordeste e o precursor o Centro Cultural Dragão do Mar.
Outra
crítica: o fato de um professor não ir ao teatro ou possuir caracteristicas
culturais ocidentais não faz dele um professor ruim. Primeiro que a escola é só
um reflexo de uma manipulação muito bem conhecida, seja pela mídia ou pelo voto
de cabresto que não quer que a cultura de “elite” seja distribuida e muito
menos suas oportunidades revolucionárias.
Segundo que, coincidentemente, sou cearense e minha mãe é professora e
por mais que ela não goste de museus ou cinema europeu, o seu ensinamento de
vida é muito mais importante e ético e singularmente brasileiro. O brasileiro que
possui um modo de ver e sentir o mundo integrado a natureza, tal como Guimaraes
Rosa descrevia em seus livros. E, sendo um exemplo para ilustrar minha propria
biografia importante ressaltar que tive uma mãe com muitos filhos.
O segundo elemento é a formação. Suas relações profissionais junto com a
contextualização política e social do professor são dados como importantes na
formação. Para tanto é necessário inserir-se no coletivo e desenvolver uma
maturidade ética, cultural e, eu diria, afetiva. Maturidade que quando atingida
possui liberdade para criar novas referencias e, consequentemente, no seu
comportamento e modo de agir.
O terceiro é a prática pedagogica. A escola é uma miniatura de como a
roda da sociedade gira. O contexto social e historico se desenrola e o
professor é o comunicador dos acontecimentos. A escola, portanto, possui na sua
essencia um “patrimonio simbolico”. Assim o texto assinala que para pensar o
professor é também necessario pensar a rotina escolar, tendo a compreensão
escolar como fundamento para formação. Pensar a rotina escolar é também pensar
suas proprias crenças que fazem parte da ação do que a autora chama “ator
educacional”, ou seja, estar aberto a mudanças e tal como um aprendiz que faz e
refaz seu ensinamento.
O texto conclui seu segundo capitulo, comentando acerca dos saberes
especializados. Cita o estudo atual de autores como Saviani e Gauthier.
Apresenta algumas caracteristicas de cada autor, ressaltando que o intuito é a
analise da formação da identidade do professor e de sua ação didática.
Bibliografia
Bottos,
Juliana. A influência da mídia na desvalorização do professor da escola
pública brasileira. Eduem, 2011. São Luís.
Nenhum comentário:
Postar um comentário