Poemas

- Não adianta fazer uma rotina, criança.

Ouço de longe vozes, que de tão distantes,  parecem reais. Aquela realidade que se pode dividir-se em várias, umas que se misturam a sonhos, outras que são feitas de tinta e papel, mesmo que só imaginadas são muitas as minhas realidades. E quando de tão longe ouço aquela voz dizer-me: enfurece-me! Derruba-me... Suga-me para o meu próprio eu, no infinito perdido do sentido.

- Não há análise para o seu caso, mulher.

(Ao fundo: PERDIDA, PERDIda, PERdida, perdida. Cantada de forma cadenciada, mais alto alto até o som não se sentir).

- Não há palavra que te defina, criatura.

Sorrio para não confundir mais e lembro. Mas que porra é essa?! Saio para nunca mais sair de mim, pelo contrário sou o que faz de mim pleno: a natureza. O ser e o existir são um só convite.

- Não adianta querer sair, fudida.

O breu e o fundo. Quem lê se sente o quê, otário? Balanço-me querendo terminar esta sessão, descarrego [COM TODAS AS FORÇAS] o glutão que há em mim.

-  Não adianta querer ter um significado, artista.

Sangue é porra.

Sangue e porra nas costas de um navegador solitário, do qual encontra aranha a tocar piano em bares lotados de solidão.

Portos de mares desconhecidos estão a nos esperar, no vai-e-vem de retornos eternos.
Sangue e porra.

Sangue é uma porra de coisa que acontece uma vez por mês em mulheres, por um óvulo que cai na privada.



À Rebeca Horn



Tem tanta coisa a ser dita no mundo e prendo-me no pronome da 1ª pessoa do singular. Circulo por entre grutas e cachoeiras, solto sons e vejo malas bater feito borboletas.



O amor é um tremor de pernas.



Se entro na sala e vejo água brilhar é porque meus olhos tão fixos no ponto fazem    transbordar luzes.



Se leio Love and Hate é porque detesto a indiferença.



A solidão não me pertuba, o que me trai é o consolo na sala e o excesso de plástico. falta carne.



Eu já sinto tanta carne...  o excesso do plástico... o quarto chinês me provoca! O consolo na sala é tão plástico que me falta carne. A rua é tão cheia de carne que me falta toque. O quarto chinês é tão toque que me provoca!

A ir pra rua, a ir pra sala.



existe um piano que desiste de ser piano quando o quer...



SAIO PRA NUNCA MAIS PERDER A MIM MESMA AGORA SOU PLENAMENTE O QUE FAZ DE MIM NATUREZA.



Case-me com o seu caralho, seja gentil na sua boceta e pare de fingir que não sente les grand mots na pica que morde o piu-piu. pica que cochila na concha.



Caia no buraco. Caia na no buraco. Caia no buraco. Caia no buraco. Caia no buraco. Caia no buraco. Caia no buraco. Caia no buraco. Caia no buraco. Caia no buraco. Caia no buraco. Caia no buraco. Caia no buraco.

Nenhum comentário: