segunda-feira, 27 de outubro de 2014

raísa zaratustra: continuação de um domingo eleitoral

a


onda vermelha é uma onda cujo símbolo é o sangue, sangue de todos nós: o vermelho que revela o semblante nervoso, tímido ou corado de paixão.

DILMA, não esqueça dos índios, não esqueça que eles também são sangue, mesmo que não eleitoral, mesmo que não técnico, mesmo que não trabalhador, do jeito que nós burocratas organizamos para que esta birosca chamada brasil funcione, organicamente, espontaneamente, livremente, libertariamente, amorosamente, publicamente…

a onda vermelha é de sangue de luta por dignidade, por respeito em também ser olhado cara-a-cara, rosto a rosto com o chefe, a patroa, aqueles que sentem frio na barriga de comunismo - tolos, que não enxergam a verdade na dignidade, que ainda não aceitaram o fim da lei aurea, que ainda hierarquizam interesses senis e crueis com os outros (question de l’alterité). alteridade.

por isso volto e re-volto aos índios. por favor, dilma rousseff fique atenta com os índios. não se deixe levar pelo plano de civilização - se dê ao direito de permitir a não civilização, a não nação e pátria brasileira, se deixe permitir a nação indigena dentro da nossa. dentro de nós. assim o discurso popular não será somente o de Cuba, comunista, ou falida, o discurso será renovado pelo respeito assegurado a TODAS AS VÍTIMAS DO ESTADO: seja os da tirania militar (até hoje), seja pelos índios, seja por nós desgarrados nesta sociedade hipócrita e adoecida pelo consumo em massa americano...

agora meu sangue é tupí, tu pi po de tam  b é m

tupi pode também

tupi seremos todos nós.

(seremos sangue vermelho - sem acreditar nessa polarização maniqueísta de ideologia coxinha), seremos por todos e para todos uma livrocracia.

um parenteses: é falho a tentativa de desmerecer qualquer luta (real, portanto ontológica, ontologia da política)

ontologia da política: é isso que tanto tento entender ao me por pra escuta do outro.

se o discurso dele (reproduz afetos como ódio) ou cinismo, ou desmerece por crer que uma verdade jamais será dita quando se lida com fascínoras eleitos pelo povo, desmerece a propria realidade e seu tempo próprio de luta, passamos pór um século de tiranias, o séc. XX e suas guerras só provaram que o domínio cultural dado a uma elite destroi e corroi o proprio sentido de civilização humana, numa vaidade para a manutenção de um status quo (e um modo de vida hierárquico).

a internet libertou a civilização humana de uma elite ingrata com a propria filosofia, ingrata que beira a estupidez… a pior ditadura é a da estupidez.

a ditadura que esnoba teu discurso em prol de uma verdade acreditada pelo interlocutor - seja qualquer ele, no facebook, com viveiros de castro e giuseppe cocco - que política exige uma realidade (ontologia da política) extra-muros, extra-muros de tua própria subjetividade.

ontologia da política: como fazer uma realidade extra-muros de tua própria subjetividade defendo o que tu acredita? o que tu constrói? será esse o paradoxo da democracia: aceitar o que é diferente e engolir com paciência histórica as injustiças (autoboicote à própria humanidade), colonizador aceite que não somos mais colonizados! engolimos tanto tempo essa violencia que agora queremos porque queremos mais justiça social!

somos índios, recriando nosso território, nossa subjetividade, nossa polis, nosso cosmo, nosso campo mítico, somos índios e não aceitaremos mais um fascismo retrógrado e burro!

e burro não me tome como inimiga, farei questão em te ensinar uma pederastia (formação erótica dos jovens), porque os burros são crianças ainda na cerca da vida, ainda olhando os papais e mamães assegurarem a sub-existência, a sub-vida rodeada de hedonismo, brinquedos e bem-estar.

e eu adoro brincar, quero te ensinar uma brincadeira muito legal: a política não é um jogo de tua esquina, é um jogo amplo, de uma subjetividade que não cabe na televisão e nem na janela da tua kitnete (que é o tamanho da tua disposição a aprender coisas novas, sempre reduzindo a loucura ou coisa de gente que não trabalha, ou coisa de gente vagabunda e ai facilmente caímos no discurso maniqueísta do ódio).

segue tranquila que tua crença neste texto tá assegurada : somos índios em uma recente ontologia política a nascer vibrando em vermelho-sangue, em um novo afeto, não mais polarizado em ódio, medo terror ou pânico, mas numa estranha e tranquila técnica que permitirá mais e mais o rito índio e sua natureza protegida. O agronegócio terá que se conciliar e alimentar a china, mantendo os seus. o agronegócio só conciliará com as pautas quando houver uma reforma agrária. inclusive com os índios.

agradeço Dilma Rouseff por tua luta e crença e espero que teu governo nos aceite, nós os índios.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

diario raisa zaratustra depois de um café da manha mágico a inspiração afrodisíaca para tratar de um tema sério




carta ao brasileiro, eleições de 2014


depois de conversar com meu querido amigo alceu, fiquei pensando no que leva o brasileiro votar no aécio.


pensei na historia do brasil, séculos de escravidão, sangue, morte, violencias naturalizadas como parte do nosso cotidiano: o estupro, o verbo heteronormativo,  o tapa em luva de pelica, a segregação e indiferença soberbas e hierárquicas…


é o olhar colonizador que adora humilhar e dizer assim: vida boa é só na minha terra europa, é lá q eu ando de metrô, não aqui neste país de merda.


é o olhar colonizador que diz no facebook: nordeste não sabe votar! eu nunca em minha vida consciente da malevolidade do colonizador pensei q me sentiria tão triste por ser vítima de racismo.


é o olhar colonizador que diz e segrega em trauma o q nao pode realizar plenamente, afinal ele é carregado de culpa, hierarquia e corrupção, ele vive de subornar, propinar, intimidar, humilhar para convencer pela humilhação que ele sabe mais.


e o olhar colonizado fica como… calado… a olhar distante a liberdade daqui há algum tempo…


chega a indústria farmacêutica e entorpece todo mundo, o colonizador e o colonizado. todos ficam alegres, eufóricos, dispostos a competir, quem vai ganhar o quê. a lei de gerson (lei da vantagem) fica escancarada, exposta ao sol e ao relento ético.


a técnica do jeitinho, do sair fora à francesa, do botar a poeira pra debaixo do tapete, nunca antes da história desse meu país foi tão propagada na indiferença do facebook e do esvaziamento da presença real, o coletivo só se faz quando estamos juntos realmente, sabendo de suas verdadeiras intenções, NÃO ESTANDO SOB O EFEITO DE MÁSCARAS SOCIAIS, ALUCINOGENAS OU HIPÓCRITAS.


brasileiros, conseguimos ser uma nação de loucos, osemocionais* que não pensam mais em nada a não ser ganhar, mesmo que seja perder, quero colocar a dilma fora porque minha vida tá uma merda…


a tua vida tá uma merda porque vc não meche a porra dessa bunda (desse cu) pra melhorar ela seu filho de uma égua (aqui égua pra fazer alusão a besta que não pensa, que não estuda, que não dá tempo ao pensar)
é isso meus brasileiros


eu voto 13


e se o aécio ganhar quem vai pra europa sou eu

beijos

sábado, 4 de outubro de 2014

RELATO À NISE DA SILVEIRA (HOTEL DA LOUCURA)



opao.blogspot.com

Vi um relato de um participante do coletivo e resolvi também escrever, também relatar a experiência da performance Pesquiza Amoral no ateliê do hotel da loucura.

Escreverei com o coração e com o ethos (ética), mas também vou me referir a outros textos, outros diários, revelo aqui também um discurso, um modo de dizer os porquês, os comos e os aondes.

Nise, tu me foi tão importante nesse processo da montanha* de assimilar a realidade e o tempo necessário para enfrentar de uma maneira tão afetuosa o embrutecimento violento operado pelo biopoder (foucault é nosso amigo), seja na escola, no hospital ou na família, os traumas que nos transformam em seres emocionais, fugindo do racionalismo frio por um tropicalismo latinoquente.

É Espinoza quando clama pela vida. É alegria em forma de inteligência. É liberdade poética e política, como que gêmeas em seus significados conceituais.

Sigo o exemplo da memória que me lembra o emocionante Reginaldo a sentir a  pesquiza Amoral - em teste contínuo uma entrevista-poema com perguntas de cunho realista fantástico, Bolaño diria real-visceralista! começou como uma simulação fantástica de pesquisa de mercado, que no hotel da loucura se ensaiou como entrevistas, aos poucos fui pensando em uma versão massagem-passe-entrevista. Com Reginaldo fiz uma versão massagem-passe, banho para alma, passe para o espírito, entrevista para o filósofo, divididos entre três temas: mar, amor e política - sua resposta emocionante lembrou a família dele, sua mãe e seu pai, se é verdade, na hora pensei, não importa, é seu mais sincero agradecimento, na forma que mais nos importa: presença.


Um dos dias mais emocionantes foi em um sarau tropicaos do ano passado (acho que em novembro) exausta da performance, alegre, feliz para caralho, por tudo o que aconteceu naquele espaço e aqui guardo segredo pra te dizer, tirei a foto da porta da biblioteca, atravessei toda a cidade do rio de janeiro e encontrei um amigo espinozista. Os afetos te dão energia, te dão energia para correr o perigo de viver.ficamos emocionados de saber que exisitia isso: uma biblioteca de nome espinoza em um hospital de nome nise. explico: os nomes carregam invocações, desejos, inspira o que os próprios queria em vida. se espinoza fala de afeto, ética, nise de liberdade, de escuta e atenção, por isso e não à toa acrescentei um z ao nome da performance: Pesquiza Amoral.
Por acreditar na esquizoanalise (Deleuze, Guattari e Suely Rolnik) uma maneira de operar os afetos, de olhar, de perceber, ou seja, uma técnica de trabalhar nossos proprios questionamentos ao passo que também trabalhamos o mundo.

Aliado a bibliografia esquiza vi no facebook o chamado de Dally para um ateliê criativo no hospital Nise da Silveira, isso ocorreu em agosto de 2013. Os primeiros trabalhos apresentados (Vênus e seu banho e uma primeira pesquisa amoral ainda muito tímida). Continuei indo mesmo sem ser pelo ateliê, mas de memória lembro que os passeios com Dally e Luíza entre as arvores retorcidas, os gatos, as imagens pungentes, um clima silencioso e histórico: o hospital, aquele hospital já retorcido em memórias, primeiras impressões.

Aos poucos fui rareando a presença e na última vez que encontrei Reginaldo fui sincera: gentrificada estou, não posso visitar tanto mais… Senti uma puta tristeza, daquelas que a gente escolher sentir, mas daí...
Depois o confronto com a realidade: a loucura que me permitia ensaiar a performance no hospital me fez esquecer a problemática mais cruel: a loucura presente na política, traumatizada pela ditadura, embrutecida e individualizada pelo capitalismo, cada um recorrendo a sua consciência egoíca para solucionar a dor, cada um correndo atrás do seu.
E aonde mais encontro uma casa senão na tua, mulher Nise? É nessa tua casa de força, (aos coxinhas: uma casa imaginária que nos dá fé e força pelas crenças que nela embasam), de afeto, de tratamento ético e técnico com eros público (prazer pelo coletivo) que encontrei, não só pelas ideias Nise, mas pelo projeto e seus principais engajadores, Norte Comum, Vitor Pordeus - que a distancia vi trabalhar e a distância digo que é um trabalho, como qualquer outro, mas que muda, que provoca mudanças, que engaja, que instiga, que inspira, portanto, não é um negócio (negação do ócio), mas pelo contrário uma operação de forças para manter e resistir o espaço do ócio, da vivência por viver, do experimentar porque afinal estamos jogados nessa selva humana sem direito a tempo. O capitalismo enquanto modo de vida arrenda o nosso tempo mesmo quando ele não nos possui.


É sobre isso que aprendi na Nise, o dionise-se é doar sua presença, é receber a presença do outro, é acarinhar, é receber em essência. E ausência aqui tomada por um ponto de vista mais oriental… Mais à vista como direito ao não-existir, ao não-ser, ao caos. O caos é justo para todos. O caos é justo para todos. O caos é justo para todos.

Uma vez que operamos a ordem linear, histórica, racional já começamos a desigualdade, de tempo, de velocidade, de acesso, de borda e fronteira. De perspectiva e olhar paralisado em fotografia, imagem e ação (técnica).

É no caos da dança que operamos a liberdade e a justiça. É no caos da loucura que operamos a igualdade de TODOS NÓS SOMOS LOUCOS. Nesse mundo disparatado entre certo e errado, entre branco e preto, entre … entre aquele que quer vencer e humilhar o vencido… somos todos loucos em querer ser colorido.
Quero agradecer a todos do Hotel da Loucura, abriram meus corações esquizos, senti dos cheiros e do treino o respeito à verdadeira arte: a de manter o mistério, o imprevisível, o enigma, que tanto embeleza a vida, de novo, por sua justiça política. Ao mistério (entre tanto o mistério do amor) a todos é acessado.


ROTEIRO FALADO DA PESQUIZA AMORAL
UM POEMA PARA SER LIDO E RESPONDIDO

no final das perguntas cada um me responde como quer; um olhar; pintura; carta, o importante é q a pessoa participe das sensaçoes

Primeiro exercicio - questao - sensaçao

afeto historico: duas em uma: nossa identidade propria e a identidade institucional, explico a institucionalizaçao da violencia e como podemos institucionalizar o afeto, entre outros sentimentos como a liberdade, dentro do comportamento de uma cultura do medo e da violencia

uma roda cada um se apresenta, fala um pouco de si, de sua propria identidade

depois explico como foi a ditadura; a perda do nome, a criaçao de novos codinomes pra fugir da perseguiçao, tortura e assassinato;

como seria viver isso na pele? como seria inventar um codinome e fugir pra algum lugar sem nem conhece-lo

a partir dai criamos nossas proprias ficçoes de quem somos e o que queremos e se faço esse exercicio de se imaginar na ditadura um afeto historico é pra que possamos usufruir da liberdade que temos hoje pra criarmos nossos proprios nomes e destinos

no final dou uma colheirada de mel de caju pra q eles possam conhecer um pouco da minha terra



segundo exercicio - questao - sensaçao

ansiedade corpo

faz-se uma roda, visualizo o ponto da ansiedade e cada um massageia quem esta do seu lado, explico o q é, que advem de uma massagem chinesa, e que trago estes traços culturais para compreendermos a noçao de tempo e como nos relacionamos com ele

terceiro exercicio - questao - sensaçao

mar amor

começa com um exercicio de escuta de olhos fechados na praia, escutar o mar

depois explico o mito do nascimento da afrodite um pouco do meu trabalho na filosofia em relaçao a moral do amor; o uso da estetica feminina como ficçao moralizante e tambem o aspecto religioso presente na iemanja; a deusa do mar nas religioes africanas

finalizo com algumas perguntas sobre o que é o amor; como queremos vive-lo e no final dou um cheiro em cada um.


resumo pra ser feito na rua:

1) afeto historico: como seria o seu codinome e como podemos institucionalizar o afeto, da mesma maneira que a policia institucionaliza um comportamento violento (coreopolitica)

2) corpo ansiedade: massagem chinesa e depois explico como nos lidamos com o tempo

3) mar amor: o mito do nascimento da afrodite e bbbbbbum cheiro

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

trecho do livro imediatamente manga

os emocionais

aos brasileiros,

nós que andamos a flor da pele sempre interpelados pela televisão apocalíptica e seu tom de sinistro sarcasmo com o pânico e terror alheios (traumas provocados por uma cultura de violencia e submissão, paixão ao seu opressor)... gritemos não a esse sorrizo de pesão quando perguntamos cadê o amarildo?

nós que só enxergamos sob a perspectiva da emoção, da novela, do afeto, do calor, do frio, do tempo, da narrativa, do homero, do futebol, nelson rodrigues gonçalves.

nós que nos amamos tanto.

nós italianos sôfregos e tão facilmente manipulados pelo circo eleitoreiro, marina sua assessoria de imprensa falha, mas admitemos falhar é bom.

porque nos faz aprender, ô brasileiro para de querer sempre ganhar, se dar bem, como isso fosse parte de tua paixão por querer que tua família (a nação, o estado) esteja bem.
entenda a duplicidade da palavra bem: se dar bem e estar bem, lei de gerson, lei de generosidade, se sente bens com o sujeito outro diferente que sempre aparece na rua caótica pela injustiça porque quando é um assunto do teu particular reage como um selvagem sem ética e nem pensar? guiado pela emoção quando te gozas sabes pensar, quando te enervas não te dedica o tempo necessário pra pensar.

a ansiedade é ocidental, mas o impulso é brasileiro.

nós que somos animais emocionais podemos pensar sem deixar de sentir. o corpo da alma não se desgarra se tu para e pensa.
a gente muda. nós que mudamos o tempo inteiro, fiquemos quetos ao menos quando pensemos sobre como decidimos nossas escolhas mais intensas no calor de uma intuição acalorada pela emoção, nós os emocionais.