sábado, 28 de outubro de 2006

para você... e para todos.

É natural que sinta-se solitária minha pequena personagem. Nao sabes que eu sou a suprema narradora de sua história.
O seu destino está selado.
- Ame-a ou deixe-a!

A cigana entra no restaurante, sua saia dança por entre copos e desejos. Alguns curiosos perguntam quanto custa uma consulta. É uma cigana de 28 anos, fugida da guerra e da vida. Num lugar onde todas as possibilidades sao verdadeiras, sao intensas. Seu cabelo é longo, desgrenhado, um pouco gorda, olhos sérios. É bela. Mas nao é convencional. Plástica.
Vende flores aos burgueses, sua fome é esquecida, até que um casal a olha curioso.

- voce lê mao?
- sim.
Ela lê e percebe que o homem poderia ter sido o grande amor da sua vida, mas nao poderia falar a verdade, imagina a confusao.
O amor que ela viu na mao dele a desesperou, a confundiu.
- Um amor na sua vida há de aparecer. Fique atento às possibilidades, incriveis sao as chances que perdemos... Ainda vai demorar um pouco. Tempo para viajar, sair... Porque esse amor que lhe vem poderá ser desastroso ou eterno...

O casal ficou surpreendido. Ela o fitava e ele percebia essa troca de olhares. Foda-se. ela o desejava e pronto. e foi coisa de um instante, começou ali, nós somos testemunhas. A mulher ficou confusa mais do que todos, no fundo desejava que o homem pagasse logo a cigana e que ela fosse embora com seus mau agouros...
Mas ela nao foi.

Outro dia a cigana anda na rua, sonhando com o sonho que tivera na noite anterior, sua mãe e o astor piazolla dançando na geladeira... Ri sozinha. Como que num furacão encontra o homem que lera a mão.

quem é voce? de tão maldita que não tem pena de travar derrotas e desgraças na vida de quem te ama?
a cigana queria dizer tudo tudo, mas nao disse. Preferiu o silêncio. As palavras confundiam, como confundem agora sua propria narradora.
e esse amor há de aparecer.

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