domingo, 4 de fevereiro de 2018

off diario asfixia capitalista



no meio das mascaras tem uma perversão que é sentir pena daqueles que não podem ter o mesmo estilo de vida, sentir raiva daqueles que mesmo pobres tem a elegância e o reinado da inteligência (do acesso ao conhecimento)

me pergunto se eu fosse rica (ou de familia rica) teria essa mesma compreensão de justiça? se eu fosse francesa ou branca teria essa mesma sensação de impotência?

me lembro que na escola eu sentia inveja das patricinhas, queria ter o mesmo poder, como no parque lage aos artistas que podiam bancar suas proprias exposições.

me lembro que nao estou so, mas é na pele na carne na fome do dia a dia que a gente encara o quanto é incompativel tentar fazer o outro (desta vez o outro aqui é o privilegiado) do quanto tua vida ta dificil de seguir respirando

mas como tenho mais de vinte anos de asma, senhor capitalismo, pode ate me asfixiar (e a asfixia vai durar até setembro) mas e sempre mas a resistência é de nao cair no buraco do desespero:

asfixia em termos papo reto é a divida, é o emprestimo e o pedido de favores e a gratidão a quem pode seguir segurando o rojão comigo porque senão eu ja teria caido: significa muito fazer uma "carreira" destinada a gente rica que pensa que nois (periféricos, pobres, marginais, mestiços e, sinto pela saudade, nordestinos) nao podemos fazer um caminho de vida que tb nutra um saber politico (todo engajamento tem seus frutos, por isso respondo a questão: nao dependo do dinheiro pra ser feliz, so quero que ele me deixe respirar)

pode até ser que calhe de ser interpretado como vitimismo ou charlatanismo - to acostumada a esse tipo de acusaçao até porque mulher é facil


podia até ser uma carta de suicidio, porque é isso que o perverso quer, porém (risos de segredo em inbox) a luta continua

desabafo de domingo (como sempre, as manas que me entendem)

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