quarta-feira, 19 de junho de 2019

off diario Paris




Off diario Paris


Com a força do odio eu voltei pra casa

E, eu, que me recuso à voltar pro odio

Volto, 

Volto pra esse sentimento


Mas ai, pera la, eu não tô sozinha !


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tive um bar maravilhoso com uma amiga da filosofia e uma nova amiga
 que faz arquitetura e canteiro de obras de gênero (de verdade, eu so sou conceito).

conversamos três horas sobre isso ai o que vc ta pensando : tudo, e nada, sobre micromachismos, mas é ne, bar é coisa de privilegiado, a gente pensa que nunca vai acontecer com a gente, porque temos consciencia da violência ou da opressão...

resolvi curtir Paris sozinha, como fazia enquanto graduada na Lapa,

fazia tempo que eu nao piruava

logo hoje

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hoje visitei o Museu de Historia Natural de Paris, hoje antes de sair de casa chorei, chorei pela Vênus Hottentote, chorei pela mulher Sarah Bartman que ela foi, toda e qualquer violência que ela sofreu não foi banal!

Vénus ou Afrodite são sinônimos ou sinonimidades de uma alegoria ao mesmo tempo do desejo e da representação feminina. A primeira pergunta que se coloca : por quê um mito funcionaria tal qual um modelo pedagogico de comportamento moral, numa pratica discursiva, - O machista que oBJECTIFICA a mulher - moral relacionado à "padrão de beleza" ou ainda que força ou potência  conceitual que se possui tal - conceito-nome - significado para que percorra séculos - diriamos milênios - nessa ambiguidade entre o que é padrão - filosofia da existência ou na técnica filosofica ontologia - e o proibido. 

A Vénus Ideal e a Vênus Vulgar

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Sarah, eu vou te vingar, me perdoa, não é por ser mulher, não é por ser, não é,

A cada gota de violência a cada gota de guerra

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A Vénus é ambigua entre o modelo de domesticaçao feminina e colonial e o modelo do proibido sedutor do corpo e do exotico, e à essa ambiguidade se direciona a pesquisa da tese de doutorado à assumir um plano metodologico dividido em três "grandes" partes : pedagogia, historia e arte-sensibilidade-reparação.

A Pedagogia griô, Paulo Freire e a questão do desejo para jovens e adultos (meu caso tem esse recorte, Vénus é sexo, erotico, dos usos do prazer e de como educamos à nao machucar o amiguinho)...

Historia é o que se é, nao vamos negar a colonização, nessa altura do campeonato o que mais temos que fazer é assumir nossa historia e partir pra cura

Arte, Grada Kilomba e a descolonização, é sim, é isso, saber que um condicionamento social muda-se com coletivo, com comuna, com amor...

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Ai gente, tô amando ne, a vontade de escrever é feita de amor, hoje rezando e pedindo a bença à Sarah, à toda homenagem que vou fazer ...

Dizia-se que ela bebia muito "eau-de-vie", cachaça

Pois quem diria beba às 2 e meia da manhã...

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El Maricon

Hoje um cara me perseguiu enquanto eu passeava, era 22h, eu tava de boa, ofereci ele uma cerveja pra ver se ele parava de me seguir, me ofereceu maconha e cocaina, achou que eu era turista, mal sabia ele que eu sou graduada em Tarnac e pos-graduada em Lapa, ao mesmo tempo ser mulher é ser objeto, vc nunca sabe quando vai ser a proxima vez que vc vai ser estuprada, o cara ficou me seguindo dizendo que nao ia me deixar sozinha, comecei a falar mais alto - isso tudo em ingles bebado - I DONT NEED YOU, I WANT STAY ALONE - sendo que foi no meu falar alto natural da vida, sorrindo dizendo de boa, tipo sai fora brother me deixa em paz mas de boa, uma bicha que tava muito calma comendo suas batatas fritas, do lado, sussurou are you safe  ( vc ta a salvo)? eu rapidamente mudei de lado e falei i dont know (eu nao sei), o tempo que a bê se ocupou com o boy e eu fui pegar a bike, eu comecei a ouvir gritos, tipo viado bicha maricon pédé fag, e sempre calm, calm, me abraçoou falou que nem precisava saber do meu nome, que ja era suficiente tudo aquilo que se tinha feito

BROTHER

Banal, que nao serve pra nada mas serve pra tudo

Filosofia, essa a que eu acredito, amizade-amor pela sabedoria

e é açao pra caralho ser de boa na vida !!!!!


Sai feliz e contente pela primeira vez (em muito tempo) fui defendida por um estranho que nao queria minha buceta nem nada... Como faço tantas vezes...

Converso com Clarinha, uma amiga do Chile, falamos em portunhol e ela me lembrou em espanho é maricon...

Me lembrou que estamos em uma cidade "grande" e que é isso, guerra cotidiana, cidade-panfleto

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Caleidoscopio da paciencia e da confissão 

(somos todas !)

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Continua...

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