sexta-feira, 11 de junho de 2010

Resenha
Fundamentação 2010 – 1. Estudos do Espaço. Franz Manata
Raísa Inocencio
Parte I – ESQUEMA GERAL DA NOVA OBJETIVIDADE
Começo o texto apontando algumas dúvidas sobre o que e como o Hélio quer se mostrar dentro da busca e dos conceitos assim criados com o resultado do, como ele próprio aponta, encontro entre ele, Gullar, Lygia Clark, etc. Nesse encontro surgiu desejos, anseios e reflexos de uma época de não mais se deixar levar por “ismos”, não ter como fonte de inspiração uma corrente que literalmente acorrenta.
O fato de no Brasil os “ismos” sempre terem influência de fora, surgiu também à chamada Antropofagia:
“(...) somos um povo à procura de uma caracterização cultural; no que nos diferenciamos do europeu com seu peso cultural milenar e o americano do norte com suas solicitações superprodutivas. (...) A antropofagia seria a nossa defesa que possuímos contra tal domínio exterior.”
Citando Hélio: “objetivar um estado criador geral, a que se chamaria vanguarda brasileira, uma solidificação cultural (mesmo que para isto sejam usados métodos especificamente anti-culturais).” O que ele quis dizer com “métodos anti-culturais”?
Esses métodos podem ser a obsessão que se cria através das gerações em não se abrir para o estrangeiro, não importa qual, como influência criativa? Veja o caso do samba no Rio de Janeiro, o próprio público não admite uma mudança, como não admitiram Astor Piazzolla – com o seu tango em estilo único – na Argentina no início da carreira.
O perigo do estagnar.
O Hélio Oiticica ao escrever sobre a necessidade de criar uma nova antropofagia se mostra claro no processo criativo do “parangolé”. Porque o “parangolé” veio do impulso do querer-dançar, querer-envolver “dialética-social e poética”, querer-mito, ou seja, o quadro sai da parede e envolve quem quiser. Quando a vontade de tirar o objeto do quadro se assemelha a escancarar os problemas ético-sociais.
Tira-se o quadro da parede e envolve, a quem quiser, fora do espaço delimitado. No período que surgiu o movimento era bem claro esse desejo de sair para outros espaços, os escritos de Foucault sobre educação, sexualidade e loucura, conseqüentemente, a luta anti-manicomial, a própria revolução sexual, todo esse conjunto de fatores provocou um verdadeiro turbilhão de vulcões. Não é de se estranhar que junto surgiu a tropicália, a bossa nova...
Um ponto que chamou a atenção foi o fato do Hélio incentivar o aparecimento de novos artistas e de novos públicos. A utilização do próprio corpo para a própria arte e busca. Sair do Leblon sem direção, sem pedantismo, sem elite e sim um só:
“(...) visa dar oportunidade para que apareçam estes jovens, para que se manifestem inclusive as experiências coletivas anônimas que interessam ao processo (experiências que determinaram inclusive a minha formulação do Parangolé).”
Essa visão abre portas às maiores percepções de corpo-obra-artista. Permite-se o protesto, a arte não mais uma pura construção estética e sim uma construção ética, política e social. “O que Gullar chama de participação é no fundo essa necessidade de uma participação total do poeta, do artista, do intelectual em geral, nos acontecimentos e nos problemas do mundo.” Do caralho!
É fato que do texto surgem dúvidas aliadas às dúvidas atuais: como fazer obras em série no coletivo, principalmente, nos happenings? Quantos não vão se utilizar de discursos pré-fabricados para vender? Como sair disso? Como viver?

Termino com uma última citação e quem sabe uma resposta.
“DA ADVERSIDADE VIVEMOS!”

Um comentário:

monkey man disse...

gostei bastante do post.
tenho alguns comentários a fazer e algumas coisas a criticar, mas gostei muito do 'peito' no texto. Não esperaria menos de vocÊ!

beijos!