segunda-feira, 7 de setembro de 2020

10 anos de Banhos

 ouvindo : claudia - deixa eu dizer : https://youtu.be/dsRynn4S1dM


Site : https://cargocollective.com/inocencioraisa/Banhos-Bath-s-Les-Bains

Maria Lugones diz dentre outras cositas que a descolonização é sobre atenção no cotidiano, papo reto do boca-a-boca. E a pesquisa de campo tem acontecido exatamente isso, conversas potentes, que me renovam, que me renascem enquanto ser, que fortalecem as redes boca-a-boca. Dentro do furacão do inimigo, eu renasço. Com direito a existência, a ser, efetivamente o que sou, a parar de me invisibilizar, a não aceitar mais e nunca mais e todo dia com alegria e afeto, resistência numa guerra psicológica de criação de categorias ontológicas (palavra difícil que diz simplesmente o termo técnico da filosofia sobre a substância do ser), que distinguem quem é superior e quem é inferior numa loucura chamada Estado patriarcal e colonial, explorador e destruidor, genocida e capitalista. Hoje ta mais fácil entender o que antes era chamado de utopia, olha a época de hoje – pensando em como Roy Wagner vê a noção de época – olha a época que estamos vivendo (!). A descolonização se tornou um projeto político mais do que nunca real e necessário pra própria reformulação do que acreditamos Estado e Estado de Direito (!).

No que concerne o cotidiano, a lida com o corpo e a energia, insisto e persisto comentando e este texto na verdade o é, que uma declaração de celebração, porque há 10 anos que comecei a performance-ritual dos Banhos como prática do trabalho filosófico, como complemento sensível e parte integrante e quem sem os banhos não saberia nada do axé e da cosmologia erótica. 10 anos de lá até cá o que comecei fazendo em festas no nossaCasa (SP), mostra pos-porno em Buenos Aires, Manifesta em Fortaleza, Rio de Janeiro incontáveis vezes no IFCS, Unirio, UERJ, na praia e na vida, com espontaneidade pirata, sensibilidade de cólera e necessidade de auto-cura, agora me disponho a falar mais sobre isso e se assumir né gente, parar de se invisibilizar é se mostrar, mulher pública, mulher que fala de política, mulher que fala assusta. Hoje apliquei rapé numa amiga precisando de energia, falou da pandemia e da crise de imigrantes – o que já sabemos há 10 anos na Grécia. Ambas as sinergias estão em conjunto tanto a escolha política de homens que lidam com a guerra e nossa escolha do íntimo e do doméstico do cuidado pra curar essas feridas emocionais que todos os dias lidamos.

Com isso não estou fazendo ode nenhuma ao sacrifício, meu assunto fica nos banhos e nos seus modos de fazer. Quem quer saber mais vamo de inbox e vou ver quem respondo porque a cólera é motivo de justiça, se vacilar vacilou vacilão.

10 anos em que tantas batalhas atravessei que hoje só quero uma coisa : publicar esse post e parar de entrar na internet pra terminar um negócio ali acolá (muitas risadas com café gelado e um baseado ).

Obrigada a todas as pessoas que fizeram os banhos nos últimos meses desde o Corona pandemic times e a todes amigues que me salvam banhando de amor e carinho.

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