quarta-feira, 26 de julho de 2006

Comentário sobre Henry e June


Este comentário é para os que ainda sonham em ser vadios, ou os que são e pedem sempre socorro aos pais, ou aos amigos, não importa. Vadio, por vadio, sem se importar com a morte, política, o carro novo que saiu televisão e etc. Palavras feias que pelo seu significado já dá certa ânsia de ver que tantas pessoas esquecem de viver e se preocupam com o dinheiro e o dinheiro é que move essa ânsia, a televisão e o carro novos a bebida o cigarro e muito mais. Contudo defendo o vadio como Henry Miller, aquele que no filme Henry e June diz: “Quem consegue entender, quem consegue ler, escrever está livre.”
O que ocorre é a tal angústia em enfrentar toda a grandeza do Henry devido ao seu estilo vagabundo e libertador. Mas me dá um medo, até porque ele é um filho da puta em todos os momentos e mesmo assim ainda me vejo completamente nele, na sua intensidade de dizer: “eu te amo” para uma puta. Porque eu também faço isso...
O caso é que pensar em sexo às vezes me parece como pensar em roubar, uma hora você é pego e suas descrições são ditas pelo microfone e você finge que vai comprar cigarro, mas na verdade você foge, em busca de uma nova aventura, um novo roubo. E mesmo assim sente-se perseguido, como que a qualquer momento você encontrará aqueles olhos, aquela pessoa a qual você roubou o que há mais importante na vida dela. O contato íntimo, o amor, a buceta, ou apenas um livro de R$ 14,90.
E é no Henry Miller que eu vejo um ladrão de eximia capacidade, tanto na fuga quanto na hora de roubar e mesmo assim o canalha custa em se espelhar em mim, semelhanças indiscretas e que sou forçada a colocar aqui como uma confissão a um padre. Castigo? Com certeza todos os vadios e ladrões têm.
E a Annais Nin consegue romantizar toda essa vida de aventuras, ela poetiza como uma doce francesa com aquele sotaque infantil e curiosamente infantil em busca de novas aventuras, com ela não parece um roubo, parece que tudo aquilo era seu desde o sempre, naturalmente seu e que amanha não é mais. Com ela mais parece um romance água com açúcar, entretanto uma água com açúcar para os acostumados ao velho safado que é o Bukowski.
Para tanto aos tímidos, ou moralistas, ou os que preferem praticar a ler literatura erótica.
Annais Nin é uma ótima introdução a este mundo tão escandalizado.
E o que é promiscuidade? Amor próprio? Transar por transar? E isso existe?
Todas as transas são transas com historietas, nem sempre boas, mas com personagens, com vida! E diminuir uma pessoa porque ela gosta de transar é diminuir um dos principais atos dos animais. Até as plantas trepam. Se gozam eu não sei.
Se o sexo está divulgado, escandalizado, vulgarizado é porque ainda não estamos num mundo tão livre assim...
É hora de fugir, antes que a fogueira nos atinja.


Um comentário:

Fernando Niero disse...

concordo plenamente sobre o que vc disse sobre a anaïs nin...no mais...

essa relação entre o sublime/vulgar quando o assunto é sexo é algo extremamente complexo...eu tb não consigo encontrar uma solução para isso...minhas duvidas sobre isso são diferentes das suas...mas talvez procurem as mesmas respostas