quarta-feira, 12 de julho de 2006

Cronicas de Esbornia. Parte V

Duas sextas feiras, normais até, uma deixada em branco no diário e outra escrita até a última linha, uma treze de fevereiro outra 13 de agosto. Em uma sexta vivo o esplendor de minha solidão, em outra comemoro companhia de bons amigos e bons amantes... Em uma sexta me deito na cama e penso: ‘como seria bom se alguém me acompanhasse hoje numa busca por um prazer inesquecível, que estivéssemos sentados na sala, eu, ele e amigos comemorando o fato de existirmos’.Em outra eu realmente vivo isso.
Treze de fevereiro:
Acordo e vou para o colégio. Estou ansiosa, aliás, muito ansiosa. E a minha ansiedade não esta no colégio, com quem não posso compartilhar esses sentimentos que são tão íntimos e egoístas. Professores novos, aulas novas e o velho sentimento de já estar de saco cheio de tudo isso, uma morgância muito depressiva. Mas hoje estou feliz, ansiosa, porque falta poucos dias para o carnaval chegar... E o desejo de ver um garoto que vai também, de passar quatro dias dormindo na mesma casa que ele. E é com pensamentos sobre o menino e o carnaval, o que me espera, foi o que me ocupou nessa sexta. É porque depois da escola eu dormi, sonhando coisas que nada tinham a ver com o esperado, esperava sonhar algo que predisse o que vai acontecer nesse carnaval, enfim é o acontecimento que mais me deixou animada nesses últimos meses, à noite minha mãe sai para mais uma festa e eu fico só, só com os meus pensamentos, deitada na cama, imaginando como seria minha noite.
Alguém bate no portão, eu me assusto e vejo que é uma garota, ela fala: - acorda raísa, o mundo está aí para você viver, enorme, perigoso e aberto para você. Vamos curtir um pouco desse tempo que é tão curto, vamos ouvir música!!! -, e eu a deixo entrar em casa com um monte de gente, eles fazem silêncio, mas me deixou muito feliz com tal surpresa e com a conversa sobre tudo, filosofia, questões como o amor, a vida e os nossos problemas que são tão pequeninos. Passamos a noite bebendo, alguns ocupavam os quartos e depois voltavam mais satisfeitos e quando já se passava das quatro horas, todos se vão, a menina quando se despede fala: - paciência, é isso que te aconselho, mas espere, não se precipite quando já não contar com ninguém para se abrir, com o tempo aparecerá amigos e diversão, o mundo já se abriu, não se entristeça...
Mas aquilo tudo não passava de um sonho, acordei como se tivesse ouvido um grito, um clamor para que eu acorde e, realmente, não me entristeça, perante a indiferença. Vi que ainda eram nove horas, fui num bar, comprei uma cerva e a bebi olhando para as estrelas no meu quintal, foi engraçado a partir daí eu sempre fazia isso quando a minha mãe saia, depois que bebi peguei um caderno e comecei a escrever tudo o que vinha a minha cabeça. Ás vezes só vinham poesias escuras, tristes e melancólicas, por sua vez quando eu escrevia histórias imaginando festas em casas de praia, ou acampando, vivendo tudo o que não podia viver ali. Poesias falando de amantes e amores que nunca eu tinha vivido... E, para mim, o dia 13 de fevereiro só foi isso, um sonho, que só aumentou a minha ansiedade pelo carnaval, era a minha esperança de ver parte desse mundo tão aberto que tava agora.
Treze de agosto:
Acordo, lembro-me, que hoje eu tenho prova de segunda chamada e logo de química, meu dia começou bem... Já vai fazer uma semana que mudei de turma e me encontro com pessoas novas e que são agradáveis. Foi difícil e rápida a decisão de mudar de turma, afinal eu tinha encontrado pessoas que queriam a minha presença e eu estou vivendo essa época muito bem, de muita produtividade. Rapidamente o dia termina e à tarde se aproxima, ninguém me liga, tento falar com amigos meus – que eu fiz ao longo desses quatro meses -, mas o celular está desligado, ou toca até desligar, todos estão ocupados de certa forma, vou fazer a prova imaginando que seria mais uma sexta feira treze que eu não faria nada. Mas por um impulso, quando já tinha terminado a prova ligo o meu celular, depois de uns segundos o louco liga, rejeito a ligação dele, me apresso em entregar a prova e quando to saindo da sala liga de novo.
Era um menino que não tinha ficado nem três vezes.
O canalha perguntou se eu ia sair, blá blá blá, no final das contas perguntou se eu ia ficar sozinha em casa. Disse que sim. Minha mãe iria sair para mais uma festa. Marcamos de nove horas ele passar lá em casa.
Fazia tempo em que eu não ficava tão ansiosa. Como no dia 13 de fevereiro. Ele chegou, bolou um baseado e quando acendeu, aparece um amigo meu na porta. Ele entra, fuma com a gente, tinha trazido um vinho – supostamente, sabendo que eu estaria em casa sozinha, para ficar comigo... – bebemos o vinho, fumamos outro baseado, nessa altura do campeonato já tinha colocado um som para rolar, Manu Chao, rock’in’roll, até que deu 10h e o meu amigo foi embora. O canalha continuou no mesmo canto do sofá, a espreita de uma oportunidade de me beijar.
Ficamos fumando um cigarro, um olhando para o outro, a cada olhar um desejo, uma vontade de começar logo o que tínhamos planejado. Até que ele se levantou – por um momento pensei que ele tivesse se cansado e que iria embora –, mas não. Ele me chamou e eu fui até os braços dele, na verdade pulei em cima dele e ele apertou minha bunda com as duas mãos e o vigor de quem há muito esperava por aquilo. Carregou-me até o meu sagrado quarto, na parede me despiu e me beijou, enlouquecidamente, ansioso, a parede apenas o ajudava a pressionar ele contra mim, seu pênis rijo contra a minha coxa, não deixava escapatória, estava acontecendo aquilo! Tirou-me a calcinha e me chupou ali mesmo na parede. Abraçou-me de novo e fomos até a cama, transamos e quanto mais transamos a cama balançava e fazia barulho. Sussurrou no meu ouvido: não quer ir dormir na minha casa. Nem hesitei.
No carro o chupei, na época, a bem dizer da verdade, nem sabia direito o que era um pênis, quanto mais chupar um pênis. Mas ele gemia, gemia e era delicado, não se deixava corromper pelo prazer. Chegamos à casa dele.
Transamos, transamos e transamos. Na sala, no quarto. O canalha não me deixava parar de gozar. De certa forma ele me iniciou na arte milenar de satisfazer o amante. O seu puxar de cabelo, senti o meu clitóris vermelho e duro pela primeira vez, de tanto que ele chupava com prazer e vigor e violência e carinho. Será possível. Foi o que eu senti. Seu beijo não era romântico, mas era apaixonado pelo meu cheiro de sexo pueril. Como se ele soubesse que ainda era uma terra a ser desbravada, uma terra de pernas abertas e que só esperava o cara certo. O tal canalha conseguiu amanhecer e ainda transávamos loucamente.
- Sou sua escrava! Ah... Você ainda me quer mesmo assim?
E ele não parava de repetir quero e quanto quero mais não me conformo.
Gozávamos, fumávamos, transávamos, goza... fuma... transa... Até que ficamos abraçados acariciando um ao outro, masturbando ele e ele beliscando meu sexo, como quem diz ainda não acabou, meu pau ainda resiste a tua buceta quente e gorda. E lá ia de novo ele, mordiscar meu sexo, soprar e soprar até que ficasse vermelho e duro, meu clitóris inchado pela primeira vez. Os primeiros raios de sol entraram e a ultima transa. Papai e mamãe, submissão controle, fragilidade fraqueza, destreza sensualidade, gemido gemendo, o sono sonhando.
Tomei café com ele, fumamos o ultimo cigarro juntos e ele foi me deixar em casa. Era 7h da manha. Quando chegou em casa o canalha apenas sussurrou bom dia minha doce flor. Como um dom Juan safado e que eu adoro. Dormi bem aquela manha. Não me importo de nem saber o que ele faz da vida, porque sei o que ele faz melhor. O canalha.

Nenhum comentário: