sábado, 27 de setembro de 2014

odisseia sobre ocupação do espaço público

confissão dos caminhos - odisseia até PE

personagens para um romance não escrito - discurso de entendimento de nós mesmos. chorar é bom e depois de chorar escrever, cartas, mensagens, separar o sujeito do verbo, entender o seu desejo com a da realidade do mundo.

fala do coletivo como uma ficção, mitologia, ontologia política: que coletivos são esses: os moradores de rua, os índios urbanos, as caça-gringos, os emocionais, os caóticos, os coxinhas (esses são os mais populares, evidente)

personas para nos libertarmos do cheque mate real:

índios urbanos somos nós aqueles que não querem lucro, nem saldo positivo, querem apenas, querem. desejam um mundo melhor e fazem disso um estilo de vida: alimentação natural, aspecto místico oriental, efetiva sua realidade com base no anonimato, é feliz, libertário, consome o que precisa em feiras (orgânicas e agroecológicas), faz troca-troca de livros, calçados e roupas, ou seja, efetivamente boicota o sistema, faz a parte dele, constrói seu ritmo de vida e é legitimado por sua história afetiva e pessoal, professores, artistas (do cinema, da dança, que sobrevivem de edital), pessoas de esquerda (sem ser derrotista e não tão levianamente festiva). de onde eu venho - e como o banzo chama em setembro - o ceará (primeiro estado a abolir a escravidão, maior comunidade de vegetarianos, exalto um pouco e elogio um outro tanto, não pelo ego devir cearense, mas como a dar um exemplo prática efetiva e real de uma boa vida). O seu oposto - rio de janeiro - vive de cenário, imagem idealizada de si mesmo como o que de concreto se pode ter, só a imagem e a fantasia (subjetividade egóica), por isso escolhi o rio, por seu caos e beleza exóticas, que dentro do deserto é o lugar que nasce a flor mais bela e aqui é carente de resistência, trabalho na filosofia para isso também. ambos tem coxinhas, não esqueçam. e rio de janeiro tem a natureza que me salva, a floresta de Copacabana é bairro modelo e impressionantemente democrática. vai se fuder os que acham que estamos na pior meu bem (a louca porque não paga aluguel, apesar de ser bem caro ainda continuo dizendo que é bom morar em copacabana). o mais importante: não se tomar tanto para si, doa-se aos outros que o tempo passa - aos poucos sinto a ansiedade se transformar em sabedoria, num processo lento e repetitivo como as ginásticas chinesas, todo dia é diferente.

moradores de rua: pelo direito de dormir na rua!

pelo direito de dormir na calçada, de ser índio e conviver com a natureza que meu tempo apresenta. descriminalizemos o viver diferente! aceitemos a cultura d’outro - da desgraça, da sujeira, da escolha de si ou do que o mundo te coloca - da loucura como tratamento ao preconceito, do disparate como resposta aos crentes absurdamente únicos (uma verdade, um modo de vida, um branco, uma branca prenha, uma família e propriedade privada, meu minha,) tendo o parenteses cruel que esse coxinha muitas vezes deseja a morte do outro. bárbarie é pouco meus colegas.

por um mundo mais saudável, mais afetivo, mais coerente e racional com a nossa condição de animais jogados na selva humana, deixe (deixemos polis) dormirem na rua, sem esse olhar de coitado, culpa cristã, ou whatever

o desabafo é o seguinte: 25 anos e aí vc se percebe com medo de perder "tudo", é óbvio que não caio no padrão do medo, reajo a isso pensando: por que não descriminalizar conceitualmente e socialmente o dormir na rua;

ou seja, eu quero ter o direito de morar na cidade, de não pagar aluguel, quero viver selvagem.


colocar uma placa numa praça ou calçada larga PERMITIDO DORMIR, sei lá, qualquer coisa que comprove que o “Estado” é socialmente construído segundo a base de que devemos ofertar na cidade condições de locais para dormir e receber aqueles que por destino caótico se sentem ou na pressão da realidade ou no direito de ser selvagem. é o fim do preconceito contra ao “pobre”, é entender que nem todo mundo quer dormir numa cama de plumas, que alguns até gostam de fazer um churrasquinho no aterro com os amigos, naquela floresta parisiense.

devir selvagem é real (sentença que liga o corpo e a alma, a ideia e a ação, a filosofia e a política como discursos de orientação ao humano sobre sua condição de existência)

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